segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Música para curar a alma: Carminho e Chico Buarque

Carolina, faixa do álbum "Chico Buarque de Hollanda Vol. 3", 1968
a regravação da cantora portuguesa é faixa do álbum "Alma", 2012
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Correspondências: Florbela e Apeles Espanca

Irmãos Espanca, 1904
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Mano Peles¹,
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Lá vai a última e irrevogável cravadela: envio-te a conta da toilette que me oferecestes. Fui a um alfaiate pelintra para conseguir um preço razoável, e foi o que felizmente aconteceu.
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Como eu não podia dispor deste dinheiro, pedi emprestado ao meu cunhado Manuel, que é bom rapaz e que imediatamente a isso se prontificou; peço-te pois para, por toda esta semana, fazeres o favor de lhe entregar essa importância que ele me emprestou para o pagamento do vestido. Vai, ou manda por um moço ou pelo correio à Rua da Betesga 7 e 9; se ele não estiver, podes deixar a qualquer dos sócios da loja, que depois lhe entregam tudo. Não te esqueças, não? E mais uma vez obrigada; desejo que não seja a última vez que navegues até o Brasil para não ser a última toilette oferecida à mana pelintra².
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Quando apareces? Olha que eu moro na Rua Josefa d’Óbidos, 24-4º (à Graça), Lisboa.
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O vestido está fixe³, digno da mana dum mano fixíssimo. 
Beijos ao Peles urso e os mercis todos da Bela.
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P.S. – Se o mano Peles estiver tão pelintra como a mana pelintra, não pague nada, que eu quando puder saldarei a minha dívida e, mesmo assim, tudo está fixe.
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Beijos e abraços da Bela.
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¹ Peles era o apelido de Apeles Demóstenes da Rocha Espanca. O irmão mais novo da poetisa faleceu em 1927, quando o hidroavião que pilotava caiu no Rio Tejo.
² Pelintra, o mesmo que sem fundos.
³ Fixe, espécie de gíria para algo muito bom.
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Música para curar a alma: Richard Wagner

Tristão e Isolda, WWV 90: Prelúdio e Liebestod, Richard Wagner
Orquestra Sinfônica de Boston, com a condução do maestro Leonard Bernstein
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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um bom lugar para ler um livro?

Young Girl Reading, Jean-Baptiste-Camille Corot,1868
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"Foi então que começou nossa grande viagem pelos Estados Unidos. Bem cedo, dentre diversos tipos de acomodações para turistas, passei a preferir o Motel Funcional — abrigos limpos, eficientes e seguros, realmente os lugares ideais para dormir, brigar, fazer as pazes e dedicar-se aos insaciáveis prazeres do amor ilícito."
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  Vladimir Nabokov, trecho do livro Lolita.
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domingo, 8 de dezembro de 2013

"...e minhas caminhadas nunca findarão..."

Study Head of a Woman Looking Up, Anthony van Dyck, 1618-20
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E o que é que vai ficar?
Suspiro, sofro, busco,
e minhas caminhadas
nunca findarão.
A sombra escura
que já persigo desde o começo
leva-me a profundas solidões invernais.
Lá eu fico quieta (…).
Fantasmas azuis saltam para o aposento.
Os que partiram, perdidos diante de mim,
Exigem como homens um antigo direito.
Agora são pagos com flores
que viram muitos verões
e que neste inverno caem irrompendo.
As árvores aninham frio diante de si
e lágrimas, que me atraiu o brilho da lua,
pendem no gelo como espigas secas.
Assim, como ali, sobre o iceberg,
os há muito falecidos escorreram seu sangue,
eu os sigo, para fazer o mesmo.
Ouço os séculos em minha direção
E não quero estar lá apagada inteira.
A sombra, que tão longe quer ir,
tento oprimir com meu rastro
apenas temendo desperdiçar-me
em vão.
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Ingeborg Bachmann.
Tradução: Cláudia Cavalcanti.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"Brada o anseio da liberdade e da estepe, dos corações entre cordões de isolamento..."

Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013)
 escultura de Marco Cianfanelli ¹ 
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Dentro da noite que me rodeia
Negra como um poço de lado a lado
Agradeço aos deuses que existem
por minha alma indomável
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Sob as garras cruéis das circunstâncias
eu não tremo e nem me desespero
Sob os duros golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas continua erguida
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Mais além deste lugar de lágrimas e ira,
Jazem os horrores da sombra.
Mas a ameaça dos anos,
Me encontra e me encontrará, sem medo.
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Não importa o quão estreito seja o portão
e quão repleta de castigos seja a sentença,
eu sou o dono de meu destino,
e sou o capitão de minha alma.
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William Ernest Henley.
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¹ Escultura inaugurada em 2012, por ocasião do aniversário de 50 anos da prisão do líder africano pelo regime do Apartheid. O local é o mesmo onde Mandela foi capturado, em 05 de agosto de 1962, na província de Kwazulu Natal, Howick. Ele passaria 27 anos na prisão.
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sábado, 30 de novembro de 2013

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

"... e sabe em simultâneo a condição para o não-ser..."

Orpheus and Eurydice (detail), Auguste Rodin, 1893
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Adianta-te a toda a despedida, como se estivesse já
para trás de ti, como o inverno que agora parte.
Pois que entre os invernos há um tão sem fim inverno
que só hibernando o teu coração resiste.

Sê sempre morto em Eurídice -, mas cantante, sobe,
mais laudante, sobe atrás, à pura relação.
Aqui, entre evanescentes, sê, no império das gotas que sobram,
sê um copo sonante, que já no som se quebrou.

Sê - e sabe em simultâneo a condição para o não-ser,
o fundamento infinito da tua vibração interior,
para que a leves a cabo por inteiro, desta única vez.

Ao desgastado aprovisionamento da repleta natureza, tanto
quanto ao entorpecido e mudo, aos indizíveis somatórios,
acrescenta-te rejubilando, e aniquila o número.

Rainer Maria Rilke, in: Sonetos a Orfeu.
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sábado, 12 de outubro de 2013

"... criaturas que nascem repositórios de chão e de estrelas..."

City Lights, Charles Chaplin, 1931
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"Acho que foi minha inaptidão para o diálogo que gerou o poeta. Sujeito complicado, se vou falar, uma coisa me bloqueia, me inibe, e eu corto a conversa no meio, como quem é pego defecando e o faz pela metade. Do que eu poderia dizer, resta sempre um déficit de oitenta por cento. E os vinte por cento que consigo falar não corresponde, senão ao que eu não gostaria de ter dito, – o que me deixa um saldo mortal de angústia. Mesmo desde guri, no colégio, descobri essa barreira em mim, que não posso vencer. Sou um bom escutador e um vedor melhor. Mas só trancado e sozinho é que consigo me expressar. Assim mesmo sem linearidade, por trancos, por sugestões, ambíguo – como requer a poesia."
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"A incapacidade de agir também me mutila. Sou pela metade sempre, ou menos da metade. A outra metade tenho que desforrar nas palavras. Ficar montando, em versos, pedacinhos de mim, ressentidos, caídos por aí, para que tudo afinal não se disperse. Um esforço para ficar inteiro é que é essa atividade poética. Minha poesia é hoje e foi sempre uma catação de eus perdidos e ofendidos."
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"Enquanto o mundo parir uns tipos hipobúlicos feito, por exemplo, Fernando Pessoa, resguardados pela timidez e incapazes de uma ação – as palavras não morrerão. Essas criaturas não têm outra forma de ação que em cima das palavras. Obsessiva e sadicamente as trabalha, dobrando-as até seus pés, arrastando-as no caco de vidro, até que elas sejam eles mesmos. Até que elas deem testemunho da presença deles no mundo. Quase sempre criaturas que nascem repositórios de chão e de estrelas, só sabem fabricar poesias com palavras. E ainda outras que moram ruínas viçosas por dentro, se agarram nas palavras para sobreviver."
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Manoel de Barros.
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

"... Acho que aprendi a dar vazão às coisas e apaziguar tempestades..."

Papa Chrysanthemum at the New Circus, Henri de Tolouse-Lautrec, 1894
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De tudo o que olho e vejo uma parte vira letra
Mesmo que eu não insista. O treino dos olhos e da pele 
Ou os poros que foram se abrindo
Pela ação das enchentes internas e alagamento das vias,
Ou ainda pelas mãos em palmas sinceras
As coisas se significam em letras novas quando
Pelo filtro do meu corpo incendeiam.
Mesmo que eu não.
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Não há nada mais possível, nada mais corado,
Nada tão mais evidente e espalmado
Do que os rios de vida quando tornados signos abertos.
Acho que aprendi a dar vazão às coisas
E apaziguar tempestades.
Aprendi a conter e a derramar. Acho que aprendi a amar.
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Viviane Mosé.
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"Estou escrevendo umas coisas loucas..."

A Obscena Senhora Silêncio, direção de Leandra Lambert, 2010
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Há tanto a te dizer agora! Meus olhos se gastaram
Procurando a palavra nas figuras, nos textos, nas estórias.
Era preciso viajar e levantada em renúncias redescobrir
.....................................................................................[ a morte
Além de seu sudário e suas tremuras. Quase nada 
...............................................[ aprendi. De nada me lembrei.
Há talvez a memória de tatos, um sentir rarefeito, um
........................................................................ [ ouvido inexato.
Deitado em solidão sobre o teu peito. E adeuses
..................................................[ ingênuos, calados de vitória
E aquele de fereza, de acerto, dissolvido em orgulho, 
............................................................................[ ressuscitado
Vagamente em canto. E na manhã, o meu sonho passara
..........................................................................[ e a minha voz 
Não se erguera em poesia.

Será preciso esquecer o contorno de umas formas que
.....................................................................[ vi: naves, portais
E o grande crisântemo sobre a faixa restrita do canteiro.

Através do gradil, no terraço do tempo te percebo.
E ainda que as janelas se fechem, meu pai, é certo que
...............................................................................[ amanhece.
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Hilda Hilst.

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"Para que nada seja definitivo - nem esta ânsia de palavras nem o dito e o contradito..."

Study Sketch for Morning Sun, Edward Hopper, 1952
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Vós, palavras, de pé, sigam-me!
e se já fomos longe,
longe demais, ainda se vai
mais longe, vai-se para
nenhum fim.
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Não fica mais claro.
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A palavra
irá apenas
arrastar com ela outras palavras,
a frase frases.
Assim o mundo queria
definitivamente
impor-se,
estar já dito.
Não o digam.
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Palavras, sigam-me!
Para que nada seja definitivo
- nem esta ânsia de palavras
nem o dito e o contradito.
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Não deixem por um instante ainda
nenhum dos sentimentos falar,
que o músculo coração
se exercite de outra forma.
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Não deixem, vos digo, não deixem!
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Ingeborg Bachmann.
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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

"Construirás os labirintos impermanentes que sucessivamente habitarás..."

The Wanderer Above The Mists, Caspar David Friedrich, 1818
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O que é preciso é entender a solidão!
O que é preciso é aceitar, mesmo, a onda amarga
que leva os mortos.

O que é preciso é esperar pela estrela
que ainda não está completa.

O que é preciso é que os olhos sejam cristal sem névoa,
e os lábios de ouro puro.

O que é preciso é que a alma vá e venha;
e ouça a notícia do tempo,
e, entre os assombros da vida e da morte,
estenda suas diáfanas asas,
isenta por igual,
de desejo e desespero.

Cecília Meireles.
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domingo, 1 de setembro de 2013

terça-feira, 30 de julho de 2013

[ Cartografia Poética ]

Penibético, Fernando Vicente, s.d
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Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo de São Paulo, a oeste pela minha educação.
Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluído,
depois chego à consciência da terra, ando como os outros,
me pregam numa cruz, numa única vida.
Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia.
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo, vou andando, aos solavancos.
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem
nem o mal.
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter,
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamentos,
não acredito em nenhuma técnica.
Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas,
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários,
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim.
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações...
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida.
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça.
Triângulos, estrelas, noite, mulheres andando,
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção,
o mundo vai mudar a cara,
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas.


Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários.
Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor, outras caras aparecerão na terra,
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos,
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres,
vibrarei nos cangerês do mar, abraçarei as almas no ar,
me insinuarei nos quatro cantos do mundo.


Almas desesperadas eu vos amo. Almas insatisfeitas, ardentes.
Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens “práticos”...
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos.
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito...
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.
Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados,
dos amores raros que tive,
Vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor,
tudo é ritmo no cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria,
estou no ar,
na alma dos criminosos, dos amantes desesperados,
no meu quarto modesto da praia de Botafogo,
no pensamento dos homens que movem o mundo,
nem triste nem alegre, chama com dois olhos andando,
sempre em transformação.
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Murilo Mendes

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sábado, 27 de julho de 2013

"...antes essa memória aberta com um olho ou a clareira de uma órbita ossosa que vos deixa ver sem vos mostrar absolutamente nada."

The Blind Man's Meal, Picasso, 1903
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O poeta lê seus versos para os cegos.
Não esperava que fosse tão difícil.
Sua voz fraqueja.
Suas mãos tremem.
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Ele sente que cada frase
está submetida à prova da escuridão.
Ele tem que se virar sozinho,
sem cores e luzes.
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Uma aventura perigosa
para as estrelas da poesia,
para as manhãs, o arco-íris, as nuvens, os neons, a lua,
para o peixe tão cintilante sob a água
e o falcão tão alto e quieto no céu.
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Ele lê - pois já não pode parar -
sobre o menino de casaco amarelo num campo verde,
telhados vermelhos que se contam no vale,
números irrequietos na camisa dos jogadores
e a desconhecida, nua, na fresta da porta.
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Ele gostaria de omitir - embora seja impossível -
todos os santos no teto da catedral,
a mão que acena do trem em partida,
a lente do microscópio, o anel e seu brilho,
as telas de cinema, os espelhos, os álbuns de
fotografia.
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Mas é enorme a cortesia dos cegos,
admirável a sua compreensão, a sua grandeza.
Eles escutam, sorriem e aplaudem.
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Um deles até se aproxima
com o livro de cabeça para baixo
pedindo um autógrafo invisível.
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Wislawa Szymborska.
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terça-feira, 23 de julho de 2013

sábado, 20 de julho de 2013

Agenda: Jacques Henri Lartigue, A Herança do Sagrado, Sabine Weiss, Haruo Ohara...

Egypt, Sabine Weiss, 1983
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"Sabine Weiss, amor pela vida" é a primeira retrospectiva da fotografa suíça no país. As 132 fotografias que integram a mostra, estão divididas em seis seções: "Infância", "A fé", "Noite e Neblina", "Ambientes", "Outras terras" e "Artistas".  
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Sabine Weiss, Amor pela Vida
Centro Cultural Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro
Ter à Dom, das 12h às 19h
Até 04 de agosto de 2013
Entrada Gratuita
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Jeannine Lhemann, Royan, Jacques Henri Lartigue, 1926
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Fruto da parceria entre o Instituto Moreira Salles e a Donation Lartigue, a mostra "Jacques Henri Lartigue - A vida em movimento", reúne acervo significativo que vai desde as suas primeiras fotografias à exibição de um filme rodado em família durante o verão de 1914.
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Jacques Henri Lartigue - A vida em movimento
Instituto Moreira Salles 
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Ter à Dom, das 11h às 20h
Até 15 de setembro de 2013
Entrada Gratuita
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Paisagem de Lins, Manabu Mabe, 1949
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O espaço da Caixa Cultural expõe obras do pintor Manabu Mabe. As 30 pinturas e 5 desenhos, realizados entre 1945 e 1959, marcam sua transição do estilo figurativo para o abstracionismo.
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Chove no Cafezal - Mabe, da Figura à Abstração
Caixa Cultural Rio
Av.  Almirante Barroso, 25, Centro
Ter à Dom, das 10h às 21h
Até 08 de setembro de 2013
Entrada Gratuita
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Colheita ao Amanhecer, Haruo Ohara, 1944
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A trajetória de Haruo Ohara é encantadora. De imigrante e lavrador, no norte do Paraná, a fotógrafo de olhar humanista. Parte desse belo percurso pode ser visto através de 110 imagens em preto e branco, expostas até o dia 08 de setembro, no IMS.
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Haruo Ohara - Fotografias
Instituto Moreira Salles 
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Ter à Dom, das 11h às 20h
Até 08 de setembro de 2013
Entrada Gratuita
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The Madona and Child, Artemisia Gentileschi, 1612
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A exposição "A Herança do Sagrado: obras-primas do Vaticano e museus italianos", faz parte das atividades culturais da JMJ, mas vai além do caráter litúrgico. É uma raríssima oportunidade de contemplar obras importantes dos períodos renascentista e barroco.
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As obras fazem parte dos acervos do Museu do Vaticano, Galleria Borguese, Museo del Palazzo Venezia, Musei Capitolini, Museo di Capodimonte, Galleria Nazionale delle Marche, Galleria Palatina e da Fabbrica di San Pietro. 
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Entre as 105 obras que compõem a exposição, dividida em quatro módulos, encontram-se trabalhos de  Leonardo da Vince, Guido Reni, Ticiano Vecellio, Guercino, Sebastiano Conca e Artemizia Gentileschi.
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A Herança do Sagrado: obras-primas do Vaticano e museus italianos
Museu Nacional de Belas Artes
Av. Rio Branco, 199, Cinelândia
Ter à Dom, das 9h às 21h
Até 13 de outubro de 2013
Entrada Gratuita
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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Um bom lugar para ler um livro?

The Reader, Pierre-Auguste Renoir, 1876
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Na fila de espera, qualquer uma, e são tantas. Num jardim. Numa praça. Na praia. À sombra de uma árvore... Nova sessão do blog, para aqueles que vivem com um livro a tiracolo e acreditam que qualquer paragem é um bom lugar para lê-los.
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quinta-feira, 11 de julho de 2013

"como se a paisagem passasse e nós ficássemos..."

Des Glaneuses, Jean-François Millet, 1857
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"Tem de se poder partir
contudo ser como uma árvore:
como se a raiz permanecesse na terra,
como se a paisagem passasse e nós ficássemos (...)"
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Hilde Domin.
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segunda-feira, 8 de julho de 2013

"Nothing is mysterious, no human relation. Except love."

Susan Sontag, Henri Cartier-Bresson, Paris, 1972
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31/12/1957
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Sobre fazer um diário.
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É superficial entender o diário apenas como receptáculo dos pensamentos privados, secretos, de alguém — como um confidente que é surdo, mudo e analfabeto. No diário eu não apenas exprimo a mim mesma de modo mais aberto do que poderia fazer com qualquer pessoa; eu me crio.
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O diário é um veículo para o meu sentido de individualidade. Ele me representa como emocional e espiritualmente independente. Portanto (infelizmente) não apenas registra a minha vida real, diária, mas sim — em muitos casos  oferece uma alternativa para ela.
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Há muitas vezes uma contradição entre o sentido de nossas ações em relação a uma pessoa e o que dissemos que sentimos em relação a essa pessoa num diário. Mas isso não significa que aquilo que fazemos é superficial e só aquilo que confessamos para nós mesmos é profundo. Confissões, refiro-me a confissões sinceras, é claro, podem ser mais superficiais do que as ações. Tenho em mente agora aquilo que li hoje no diário de Harriet a meu respeito — aquela avaliação seca, injusta, impiedosa a meu respeito que conclui com ela dizendo que na verdade não gosta de mim mas que a minha paixão por ela é aceitável e oportuna. Deus sabe como isso magoa e me sinto indignada e humilhada. Raramente sabemos o que as pessoas pensam a nosso respeito (ou melhor, acham que pensam a nosso respeito)... Eu me sinto culpada por ter lido algo que não se destinava aos meus olhos? Não. Umas das principais funções (sociais) de um diário é exatamente ser lido escondido por outras pessoas, pessoas (como pais + amantes) sobre as quais o autor se mostrou cruelmente franco apenas no diário. Será que Harriet vai ler isto?
Escrever. É corruptor escrever com o intuito de moralizar, elevar os padrões morais das pessoas.
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Nada me impede de ser uma escritora, a não ser a preguiça. Uma boa escritora.
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Por que escrever é importante? Sobretudo por vaidade, eu suponho. Porque eu quero ser essa persona, uma escritora, e não porque exista alguma coisa que eu devo dizer. E no entanto por que não também isso? Com um pouco de construção do ego — como o fait accompli que este diário proporciona — eu vou superar as dificuldades para adquirir a confiam de que eu (eu) tenho algo a dizer, e que deve ser dito.
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Meu “eu” é insignificante, cauteloso, sadio demais. Bons escritores são egoístas ferozes, ao ponto mesmo da estupidez. Críticos sensatos corrigem os escritores — mas sua sensatez é parasítica da faculdade criativa dos gênios.
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Susan Sontag, in: Diários (1947-1963).
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