terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara."

L'Absinthe, Edgar Degas, 1876
.
.
.

"Há dias em que invento qualquer pretexto para falar com as pessoas que vou encontrando. Olho-as nos olhos. É um pouco difícil. É a última coisa que as pessoas deixam ver. Estremeço ao notar a escassa quantidade de gente que conserva no olhar algum rasto de ilusão e de poesia – da ilusão e da poesia dos dezassete anos. Da maioria dos olhos apagou-se todo o brilho pelas coisas abstratas e engraçadas, gratuitas, fascinantes, incertas, apaixonantes. Os olhares são duros ou mórbidos ou falsos, mas totalmente arrasados. São olhares puramente mecânicos, desprovidos de surpresa, de aventura, de imponderável."
.
Josep Pla, in: Caderno Cinzento.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

(( Dasein ))

Lacrimosa, composição de Zbigniew Preisner. 
Tema e imagens do filme "A Árvore da Vida", de Terence Malick.



Eia a eternidade.
Tudo se bifurca
nestas amplas margens
de águas insaciáveis
onde trilham remos.

É menear de ombros?
É alvor de coisas
nunca regressadas?
Rumores de lebre
por entre ruínas:
eis a eternidade.

Nada ali se trunca,
invisível bússola,
aluvião de sendas,
corda absoluta.
O que nela esmaga
é um jorrar de nuncas.
Eia a eternidade.

Busco a outra face
de alguém que não toco
e jamais percebo:
eis a eternidade.

Um puro acabar-se
de rotas palavras.
Início de arte?
Excesso de morte?
Mudo evaporar-se
de silêncios altos.

Eia a eternidade.


Carlos Nejar.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Agenda: Queremos Miles, Di Cavalcanti, Mestres da Gravura...

St. John, Hendrick Goltzius, 1589



"Mestres da Gravura na Coleção da Biblioteca Nacional" é o programão a ser apreciado no Centro Cultural dos Correios até o dia 18 de setembro.

A exposição reúne 171 obras, de 82 gravadores estrangeiros, e compreende o período entre os séculos XV ao XVIII. Todas as gravuras são originais e compõem o acervo de 30 mil gravuras da Biblioteca Nacional, uma das dez maiores coleções do mundo, segundo a UNESCO.

O conjunto é dividido por ondem cronológica respeitando o nascimento dos artistas e a nacionalidade das coleções. Alemanhã, Holanda, Itália, França, Inglaterra, Espanha, Países Baixos e Portugal, são os países representados na mostra. As técnicas predominantes são a xilogravura, que é a gravação em prancha de madeira, e o talho-doce, gravado em prancha de metal.

Entre os trabalhos expostos, apreciar-se-ão obras de Albretch Dürer, Rembrandt, Hendrick Goltzius, Francisco de Goya, Lucas Cranach, Andrea Mantegna, Guido Reni, Israel van Meckenen, William Hogarth, José de Ribera, Nicolas Ennes Visscher, Annibale Carracci, François Perrier, Giambattista Piranesi, Manuel Salvador Carmona, Jacques Callot, Joaquim Manuel da Rocha... entre outros. Imperdível!!




Study of an Apostle's Hands (Praying Hands), Albrecht Dürer, 1508



Self-Portrait with a Cap Openmouthed, Rembrandt, 1630



Self-Portrait of Piranesi, Giambattista Piranesi, 1756



Nemesis (The Great Fortune), Albrecht Dürer, 1501-1503



Paulus Du Pont, Anthony van Dyck, 1641



The Captivity is as Barbarous as the Crime, Francisco de Goya, 1810



Head of Christ on the Sudarium, Claude Mellan, 1649



Head of Christ on the Sudarium (detail), Claude Mellan, 1649



A Midnight Modern Conversation, William Hogarth, 1733



The Drunken Silenus, Jusepe de Ribera, 1628



Judgement of Paris, Marco Antonio Raimondi, 1515



Exposição "Mestres da Gravura na Coleção da Biblioteca Nacional"
Centro Cultural Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro
Ter à Dom, das 12h às 19h
De 28 de julho à 18 de setembro
Entrada gratuita




Mulheres Facetadas, Di Cavalcanti,1968



Também no Centro Cultural dos Correios, que de tempos em tempos acerta a mão na seleção de trabalhos, a exposição "Di Cavalcanti – do Desenhista ao Pintor". O artista carioca comumente festejado por suas pinturas, também trabalhou como desenhista de jóias. O visitante tem acesso a 108 desenhos e 11 peças exclusivas, com seus croquis originais. Estão expostas ainda seis pinturas a óleo: Retrato de Ivete, de 1969; Mulata com Casario, de 1963; Mulheres Facetadas, de 1968; Pássaros, de 1960; Mulher do Chapéu Amarelo, de 1964 e Carnaval, de 1970


Exposição "Di Cavalcanti – do Desenhista ao Pintor"
Centro Cultural Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro
Ter à Dom, das 12h às 19h
De 27 de julho à 18 de setembro
Entrada gratuita




Segregated Water Fountains, © foto de Elliott Erwitt, 1950



Últimos dias para conferir alguns dos maiores fotógrafos da história. A exposição "Extremos – Fotografia na Coleção da Maison Européene de La Photographie", reúne 115 imagens registradas nos últimos 65 anos. Trabalhos de Sebastião Salgado, Irving Penn, Ansel Adams, Claudia Andujar, Elliott Erwitt, Henri Cartier-Bresson, Manuel Álvarez Bravo, Raymond Depardon, Jean-Philippe Charbonnier, para citar alguns. Em comum a todas, o olhar que capta a beleza, a perplexidade, a dor, a transcendência; de momentos extremos que eternizaram as transformações da sociedade nesse período.


Exposição "Extremos: Fotografias na Coleção da Maison Européene de La Photographie"
Instituto Moreira Salles
Rua Marques de São Vicente, 476, Gávea
Ter à Sex, das 13h às 20h
Sáb, Dom e Feriados, das 11h às 20h
De 12 de junho à 28 de agosto
Entrada gratuita





Blue in Green, faixa do álbum "Kind of Blue", Miles Davis, 1959



Miles Davis, para muitos a maior lenda do jazz, ganha retrospectiva no Centro Cultural Banco do Brasil. "Queremos Miles – Miles Davis", traz uma coletânea de fotos, documentos, entrevistas, objetos pessoais, partituras, instrumentos do próprio Miles e de músicos que conviveram com ele, como um saxofone de John Coltrane; além de pinturas e desenhos em sua homenagem, como o acrílico sobre tela, "With Strings", pintado por Jean-Michel Basquiat, em 1983.



Exposição "Queremos Miles Miles Davis, lenda do jazz"
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66
Ter à Dom, das 9h às 21h
De 02 de agosto à 28 de setembro
Entrada franca


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Ossos, sangue, carne, o agora. E tudo isso em nós que se fará disforme?"

Venus with the Apple, Bertel Thorvaldsen, 1813-1816


Nenhum pecado desertou de mim.
Ainda assim eu devo estar nimbada,
porque um amor me expande.
Como quando na infância
eu contava até cinco para enxotar fantasmas,
beijo por cinco vezes minha mão.
Este é meu corpo, corpo que me foi dado
para Deus saciar sua natureza onívora.
Tomai e comei sem medo,
na fímbria do amor mais tosco
meu pobre corpo
é feito corpo de Deus.
.
.
Adélia Prado, in: A Duração do Dia.
.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"E se soubessem quem é, o que saberiam?"

Self-portrait, One Hand Touching the Face, Oskar Kokoschka, 1918-1919
.
.
.
"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode
haver tantos!"
.
.
Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.
Trecho do poema "Tabacaria".
.
.

sábado, 6 de agosto de 2011

Música para curar a alma: Chico Buarque


Se eu soubesse, Chico Buarque e Thaís Gulin, faixa do álbum "Chico", 2011
.
.
"Mas acontece que eu sorri para ti
E aí larari larara lariri, lariri..."
.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails