sábado, 27 de junho de 2009

Agenda: Virtuosismo Russo, Verger, Festlip...

 The Promenade, Marc Chagall, 1917
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Exposição 'Virada Russa' 
Oportunidade imperdível de ver obras do movimento artístico e cultural da primeira fase da Revolução Russa. As peças, num total de 123, pertencem ao Museu de São Petersburgo e correspondem o período de 1890 e 1930. Obras de Kandinsky, Maliévitch, Chagall e Filonov fazem parte da mostra.
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Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março , 66, Centro
Ter à dom, das 10h às 21h
Até 23 de agosto
Entrada franca.
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Exposição Pierre Verger - Andalucía, 1935
Registro fotográfico em preto e branco da região de Andaluzia, pouco antes da Guerra Civil Espanhola.
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Museu Histórico Nacional
Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro
Ter à sex, das 10h às 17h30m. Sáb, dom e feriados, das 14h ás 18h
Até 02 de agosto
Entrada: R$ 6,00 (livre, aos domingos).
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'Saber Viver Nos Dias Que Correm' 
Peça sobre as relações familiares. O texto tem como base os contos "Laços de família" de Clarice Lispector e "Linda, uma história horrível" do Caio Fernando Abreu.
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Centro Cultural Justiça Federal
Av. Rio Branco, 241, Centro
Sex à dom, às 19h
Até 26 de julho
Entrada: R$ 20,00.
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Festival Festlip 
Onze peças teatrais, encenadas por companhias de países de língua portuguesa. As apresentações acontecem no Teatro Sesc Ginástico, Espaço Sesc e Teatro Sesc Tijuca. Toda a programação tem entrada franca e vai de 02 à 12 de julho.
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Mais informações no site do festival:

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

"Não te aflijas com a pétala que voa: também é ser, deixar de ser assim."

Michael Joseph Jackson, 1958 - 2009
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Meus irmãos mais velhos são fãs entusiasmados de Michael Jackson. Lembro de assistir o clipe de "Thriller" 2.248 vezes, ao ponto de sonhar com os zumbis à noite, foi bem traumatizante. Em contra partida, nós dançavamos "Billie Jean", de meias no chão encerado. É a imagem mais terna de nós cinco juntos.

Felizmente somos dotados de duas capacidades incríveis, a de ter lembranças e a de sentir saudade.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Fenecimento...

Home, Yann Arthus-Bertrand, 2009
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Muito se fala em desenvolvimento sustentável e sua aplicação como conceito sócio-ambiental imprescíndivel. Na esteira dessa discussão importante, vários documentários pipocam por aí. Alguns merecem destaque, por imprimir uma linguagem visual 'definitiva' para filmes com essa temática. É o caso de Home, com direção de Yann Arthus-Bertrand e produção de Luc Besson.
O filme, que estreou dias atrás, não tem fins lucrativos e os produtores optaram por abrir mão dos direitos autorais em todos os formatos, desde salas de cinema, aos canais abertos na internet. Home está disponível no You Tube em várias versões.

sábado, 20 de junho de 2009

O que está por trás daquilo que você não vê?!

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Ganhei dois presentes esses dias: um "sorriso pleno" e um livro lindo.


O sorriso, por resposta à delicadeza do presente e a felicidade em recebê-lo. Mas se este não fosse um livro de arte, ainda sim, teria sorrido, pela circunstância, pelo significado do momento. É bom saber-se limitado aos olhos alheios e mesmo assim ser chamado de amigo. Há tempos não sorria plenamente. Explico. Sorrisos que você dá e só percebe quando o coração reverbera, irradiando para o corpo todo, como algo que desmancha na boca e deixa um gosto bom.

Não sei ao certo sobre a viabilidade de um post tão grande, e na verdade, não dá para começar qualquer coisa limitando-se. Arte é o conceito mais abrangente e eterno de beleza, foge a entendimentos vários, é pra ser sentida, assim como a amizade. Segue, resenhas breves e difícil escolha do que considero mais perfeito, nesta que é dita a quarta arte.


O Rapto de Proserpina (Bernini)

A definição das quatros estações deriva da lenda de Proserpina (Perséfone). Diz-se que Demeter (Ceres), mãe de Proserpina, desesperada com o rapto da filha por Plutão (Hades, Deus da morte) caiu em desespero tornando o solo infertil. Atendendo a um pedido de Zeus (Júpiter), seu marido, concordou devolver a fertilidade à Terra, exigindo no entando, que Plutão lhe devolvesse a filha. Como Proserpina havia comido seis grãos de romã, não poderia abandonar definitivamente o Tártaro, submundo de Plutão. Passaria então, metade do ano nas profundezas da terra, representação do outono e do inverno, quando sua mãe, triste, descuida da natureza e, a outra metade na superfície, na companhia dos seus, o que corresponde a primavera e o verão; a terra viva e produtiva, fruto da felicidade de sua mãe Demeter, deusa das plantas.

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Isso é mármore, dá para acreditar? Detalhe para a sutileza das mãos fincadas na pele.

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Perseu com a cabeça da Medusa (Antonio Canova)

Em um banquete, o Rei Prolidectes perguntou a seus convidados, que presente cada um estava disposto a oferecer-lhe. Todos prometeram cavalos, mas Perseu, o herói grego, ofereceu-lhe a cabeça da Medusa (monstro que transformava em pedra quem a olhasse). Quando Prolidectes o fez cumprir sua palavra, ele foi forçado a honrar sua oferta. Perseu obteve sucesso graças a ajuda dos Deuses Athena, Hades e Hermes. Athena deu a ele, um escudo tão bem polido, que podia se ver o reflexo ao olhar para ele. Hades, um capacete que tornava invisível quem o usasse, e Hermes lhe deu suas sandálias aladas. Guiado pelo reflexo do escudo, mas sem olhar diretamente para a Medusa, derrotou-a cortando-lhe à cabeça.



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Apolo e Dafne (Bernini)

Apolo era o mais belo dos deuses do Olimpo, senhor da Arte, da Música e da Medicina. Sua arrogância irrita Cupido, que o atinge com duas flechas de amor e outra de chumbo, em Dafne. Cupido passa a assediá-la inutilmente. Desesperado, começa a perseguí-la pela floresta. Dafne sentindo-o cada vez mais próximo, suplica ao pai, o Deus Peneu, que lhe mude as formas. O pai atende o desejo da filha e, no momento em que Apolo começava a tocar seus cabelos, Dafne revesti-se de cascas, os cabelos transformam-se em folhas, os braços ramos e galhos, os pés cravam-se no solo, como raízes. Transtornado com a metamorfose da amada em arbusto – o Loureiro, Apolo chora dizendo que aqueles ramos serão sua coroa verde e vistosa, participando de seus triunfos eternamente. Quem acompanha os Jogos Olímpicos, deve se lembrar que a coroa de Louros de Apolo simboliza a vitória.






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Moisés (Michelangelo)

Segundo a bíblia, Moisés subiu o Monte Sinai e recebeu de Deus os 10 mandamentos. Michelangelo parece entender a divindade do profeta, e esculpe um Moisés imponente.



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David (Michelangelo)

Esculpida em mármore, a estátua de 5,17m retrata-o antes da batalha com Golias. Realismo absurdo na concepção anatômica dessa, que é considerada por muitos, a obra mais importante da humanidade.





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O Êxtase de Santa Teresa (Bernini)

Simboliza as visões que Santa Teresa de Ávila teria tido, com um anjo que lhe cravava uma flecha de ouro no peito. Bernini dá à obra um sentido transcendental ao evocar tamanha mansidão e júbilo em meio aos espasmos de seu drama corporal. O resultado é só contemplação.




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A Vênus de Milo (atribuida à Alexandre Antióquia)

Uma estória curiosa explica a “falta” de braços da Vênus (Afrodite). Quando foi encontrada na Ilha de Milo no Mar Egeu, já estava danificada, quebrada ao meio, mas possuía os braços. O camponês que a achou quis vendê-la à oficiais franceses, mas como tardaram na aquisição da Vênus, o homem aceitou a oferta de outro comprador. Quando a escultura estava sendo embarcada para a Turquia, os franceses chegaram, e convenceram o camponês a manter o acordo de compra. Durante sua transferência para o barco, a escultura foi arrastada através de pedras e danificou-se, perdendo o que restava dos braços. Os marinheiros se recusaram a voltar para recuperá-los.


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La Pietá (Michelangelo)

Escultura cheia de significado litúrgico e apesar de dramática, incrivelmente doce. A representação de Maria segurando o filho morto, resignada e forte como só as mães conseguem ser.



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O Beijo (August Rodin)

Suavidade em meio ao caos, fruto da relação romântica com Camille Claudel.


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Cupido e Psique (Antonio Canova)

Psique em grego significa tanto borboleta, como alma. Ela representa a alma humana purificada pela dor, preparada, assim, para desfrutar a felicidade verdadeira. A união de Cupido e Psique simboliza o encontro do amor e da alma.



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"Com arte, forma, cor, tudo isso em jogo, engrinaldado e rútilo de crenças, o sonho cresce - o pássaro de fogo, que habita as altas regiões imensas."

Cruz e Souza.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O pote de ouro no fim do arco íris.

The Rainbow: Study for 'Bathers at Asnières, Georges Seurat, 1883



"... Toda felicidade é uma obra-prima: o menor erro a adultera,
a menor hesitação a modifica,
a menor deselegância a desfigura,
a menor tolice a embrutece..."


Marguerite Yourcenar
, in: Memórias de Adriano.
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sábado, 13 de junho de 2009

"Voltar é uma ilusão. Estamos sempre indo..."

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Tudo o que existe e

faz sentido agora,
pode não fazer
no minuto seguinte.
Não significa, porém,
que nesse tempo futuro,
o "tudo" não esteja.
Algumas coisas se perdem
momentaneamente, como
palavras que param
na ponta da língua,
perguntas sem respostas,
pessoas ou
dias que começam e
terminam sem deixar vestígio.
Mudam de forma, de sabor
de cheiro, de nome, naquela
pequena fração de segundo
que levamos para achá-los.
É nesse momento,
que ganham destino...
perdem o sentido mesmo existindo ou
alcançam a redenção
daquilo sem o qual é impossível viver.


quinta-feira, 11 de junho de 2009

Agenda: fome, fotografia, shakespeare e afins

Garapa, José Padilha, 2009
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Há quem não goste de ir ao cinema para assistir mazelas, aliás, essa é uma prerrogativa muito usada por pessoas de estômago fraco ou cérebro oco, como queiram. “Não leio o jornal, não vejo o noticiário, não dirijo para o outro lado do Rebouças, não abro o vidro do carro...”

Garapa, é uma mistura de água e açúcar. E o único alimento das três famílias (e tantas outras), mostradas no filme homônimo de José Padilha, quando não tem o que comer.

Se a legitimação de políticas corruptas condenam gerações de pessoas a viver à margem, só a personificação dessas realidades pode proporcionar alguma mudança. Enquanto o drama do outro for impessoal, não for mostrado, compartilhado, vivenciado, não vai passar de uma estatística e números ainda não morrem de fome.




Agora, as opções "bonitas de se ver"... um bom feriado.

Rebobine, por favor
Exposição baseada nas obras do cineasta Michel Gondry

Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro
De 09 de junho à 09 de agosto
Ter à sab das 12 às 21h. Dom e feriados das 11 às 20h.
Entrada Franca.



Imagens Humanas
Exposição de fotografias de João Roberto Ripper
Caixa Cultural – Av. República do Chile, 230, Centro
Ter à sex das 10 às 18h. Sáb, dom e feriados das 14 às 18h.
Entrada Franca.



Regurgitofagia
Primeira peça da Trilogia de Michel Melamed

Teatro Sesc Ginástico – Av. Graça Aranha, 187, Centro
De 11 à 14 de junho às 19h.
Entrada: R$ 20,00.


A sequência da trilogia prossegue com Antidinheiro: de 18 à 21 e Homemúsica: de 25 à 28 de junho.


Hamlet

Clássico Shakespeariano com Wagner MouraTeatro Odylo Costa Filho (UERJ) – Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã
Dias 18, 19 e 20.
Qui e sex às 19h e sáb às 20h.
Entrada: R$ 30,00 (Ingressos já à venda na bilheteria do teatro, corre lá)


 

domingo, 7 de junho de 2009

A conta-gotas...

Missy Lanesville, Saul Leiter, 1958
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"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca".

Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar".

Esse nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência".

E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.

Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.

Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.

Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim: ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga, mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ..."

Caio Fernando Abreu.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Agenda: Carioquinha e Rio Folle Journée




Começou ontem mais um Projeto Carioquinha, com a participação de 123 atrações que vão desde passeios de asa delta e barco pela Baia de Guanabara a descontos em restaurantes, museus, trem do corcovado e pão de açúcar. Para participar, basta apresentar comprovante de residência e carteira de identidade. O projeto se estende até o dia 05 de julho.
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Mais informações: Projeto Carioquinha
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Outra boa opção é a terceira edição do Festival Rio Folle Journée. Serão 38 concertos de curta duração (45min à 1h) com preços que variam entre um e dez reais. O tema deste ano é "Mozart à Francesa" e faz parte das comemorações do ano da França no Brasil. As apresentações acontecem de 03 à 07 de junho, em seis espaços: Sala Cecília Meireles, Auditório Guiomar Novaes, Teatro João Caetano, Igreja Nª Sra. do Carmo da Lapa, Escola de Música da UFRJ (Salão Leopoldo Miguez) e Auditório do BNDES.
Mais informações: Festival Rio Folle Journée

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segunda-feira, 1 de junho de 2009

F.r.a.g.m.e.n.t.o.s.

Galatea of the Spheres, Salvador Dalí, 1952


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"Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..." - foi o que pensei na ocasião. De pensar assim me desvalendo. Eu tinha culpa de tudo, na minha vida, e não sabia como não ter. Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo; que, quando notei que estava com dor-de-cabeça, e achei que por certo a tristeza vinha era daquilo, isso até me serviu de bom consolo. E eu nem sabia mais o montante que queria, nem aonde eu extenso ia."
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João Guimarães Rosa,
in: Grande Sertão, Veredas.

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