domingo, 31 de janeiro de 2010

Um "entre-lugar"...

The Creation of Adam (Hands Details), Michelangelo Buonarroti, 1510
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A capacidade de racionalizar nos difere mais que qualquer característica. Fomos com o passar das gerações aperfeiçoando, doutrinando o raciocínio, até que o pensamento lógico o converta na categorização e conceitualização das coisas. No entanto, existem territórios de natureza libertadora, intuitiva e incognoscível. Nesses casos, a busca pela compreensão os relativiza e generaliza. A arte é um exemplo claro.
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Dentro de seus ciclos históricos que abrangem várias épocas, transformações e manifestações sócio-culturais, a arte foi continuamente mudando e datando períodos, sem no entanto, encontrar na sua dimensão artística um conceito absoluto. Dizer-se-ia que arte não tem consenso. Que é o limiar mais íntegro entre o prevísivel e o imprevísivel, entre o sólito e o insólito, entre sonho e realidade. É um "entre-lugar" da razão e da emoção.
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Partindo do fascínio que o tema exerce, mergulhemos um pouco na história da arte na pintura, na versatilidade dos artistas e seus estilos nada herméticos.
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Periodização dos estilos:
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Pré História:
▪ Arte Paleolítica
▪ Arte Neolítica
▪ Arte Rupestre
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Idade Antiga:
▪ Arte Sumérica
▪ Arte Assíria
▪ Arte Babilônica
▪ Arte Persa
▪ Arte Egípcia
▪ Arte Celta
▪ Arte Germânica
▪ Arte Cicládica
▪ Arte Minóica
▪ Arte Micénica
▪ Arte Fenícia
▪ Arte Etrusca
▪ Arte Grega
▪ Arte Helenística
▪ Arte Romana
▪ Arte Paleocristã
▪ Arte Bizantina
▪ Arte Islâmica
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Idade Média:
▪ Arte Manuelita
▪ Arte Românica
▪ Arte Gótica
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Idade Moderna:
▪ Renascimento
▪ Maneirismo
▪ Barroso
▪ Rococó
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Idade Contemporânea:
▪ Neoclassicismo
▪ Academicismo
▪ Romantismo
▪ Realismo
▪ Naturalismo
▪ Impressionismo
▪ Pós-Impressionismo
▪ Pontilhismo e Divisionismo
▪ Simbolismo
▪ Decadentismo
▪ Art Nouveau
▪ Expressionismo
▪ Fauvismo
▪ Cubismo
▪ Abstracionismo
▪ Construtivismo Russo
▪ Suprematismo
▪ Realismo Socialista
▪ Futurismo
▪ Dadaísmo
▪ Surrealismo
▪ Pós Modernismo
▪ Pop Art
▪ Op Art
▪ Minimalismo
▪ Neoconcretismo
▪ Arte Conceitual
▪ Happening
▪ Performance
▪ Instalações
▪ Land Art
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Imaginando que seria impraticável expor cada período e suas ramificações nesse post, já por demais extenso, optei pelos estilos que mais aprecio e que comumente ilustram o blog.
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RENASCIMENTO
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A arte renascentista se desenvolveu entre 1300 e 1650, tendo o ideal do humanismo como espírito. Esse ideal enaltece a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
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Principais Características:
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▪ Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria;
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▪ Realismo: o artista do Renascimento não vê o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a sua expressão mais grandiosa. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada;
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▪ Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos;
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▪ Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade;
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▪ Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo;
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▪ Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tornam-se manifestações independentes.
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The Birth of Venus, Sandro Botticelli, 1485
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The Creation of Adam, Michelangelo Buonarroti, 1510
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Madona Litta, Leonardo da Vinci, 1490-91
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The Prophet Isaiah, Raffaello Sanzio, 1511-12
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MANEIRISMO
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O Maneirismo marca a transição entre a arte renascentista e a barroca. Desenvolveu-se de 1520 até meados de 1610 e é marcado por mudanças na Europa, que envolveram os movimentos religiosos reformistas e a consolidação do absolutismo em diversos países, o que determinou um grande êxodo de artistas e intelectuais. Começa então a decadência do Renascimento Clássico e os artistas são obrigados a buscar elementos (individualização) que lhes permitissem renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas.
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Principais Características :
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▪ Composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente;
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▪ Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, que exibem detalhes minuciosos e cores brilhantes;
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▪ A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo efeito de sombras impressionantes;
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▪ Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem torneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorsões praticamente impossíveis para os seres humanos;
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▪ Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva. Mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo.

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The Martyrdom of St. Maurice, El Greco, 1580-82
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Librarian, Giuseppe Arcimboldo, 1566
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St Mark Rescuing a Saracen from Shipwreck, Tintoretto, 1562-66
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BARROCO
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A arte barroca originou-se na Itália no século XVII, e contrapunha-se ao Maneirismo e as características remanescentes do Renascimento. Traduzindo os conflitos espirituais e religiosos da época, as obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, conciliando forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria.
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Principais Características:
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▪ Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista;
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▪ Realista, abrangendo todas as camadas sociais;
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▪ Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática;
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▪ Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos), era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
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The Sacrific of Isaac, Rembrandt, 1635
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David with the Head of Goliath, Caravaggio, 1609-10
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The Astronomer, Johannes Vermeer, 1668
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ROCOCÓ
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O estilo Rococó desenvolveu-se na Alemanha e Áustria e principalmente na França, a partir de 1715. Refletia o comportamento da elite francesa de Paris e Versailles, empenhada em traduzir a agradabilidade da vida, predominando assim, uma alegria na decoração carregada, na teatralidade, na refinada artificialidade dos detalhes, mas sem a dramaticidade pesada, nem a religiosidade do Barroco. Esse espírito se reflete até mesmo nas obras sacras, em que o amor de Deus pelo homem assume a forma de anjinhos rechonchudos.
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Principais Características:
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▪ Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores;
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▪ Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante;
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▪ Deixa de lado os afrescos a fim de dar lugar aos arrases que pendem macios das paredes e torna íntimo e discretos os ambientes; aproveita os recursos do barroco, liberando-os de sua pesada dramaticidade por meio da leveza do traço e da suavidade da cor;
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▪ Desaparecem os intensos vermelhos e turquesas do Barroco, e a tela se enche de azuis, amarelos pálidos, verdes e rosa. As pinceladas são rápidas e suaves, movediças.

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The Setting of the Sun, François Boucher, 1752
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The Love Letter, Jean-Honoré Fragonard, 1770
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NEOCLASSICISMO
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O Neoclassicismo surgiu como movimento artístico a partir do final do século XVIII. Reagiu ao Barroco e ao Rococó, e reviveu os princípios estéticos da antigüidade clássica, atingindo sua máxima expressão por volta de 1830. Expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, após a Revolução Francesa e principalmente com o Império de Napoleão.
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Principais Características:
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▪ Retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos;
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▪ Academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas escolas ou academias de belas-artes;
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▪ Arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles;
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▪ As figuras eram rígidas, sem vida, e os rostos, completamente sem expressão. Na pureza das linhas e na simplificação da composição, buscava-se uma beleza deliberadamente estatuária. Os contornos eram claros e bem delineados, as cores, puras e realistas, e a iluminação, límpida.
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Andromache Mourning Hector, Jacques-Louis David, 1783
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Napoleon I, on the Imperial Throne, Jean-Auguste Ingres, 1806
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ROMANTISMO
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Assim como no Neoclassicismo, a Revolução Francesa e seus desdobramentos serviram de inspiração para o movimento que nasceu no século XIX, e que consolidaria definitivamente o ideal de uma época. Buscando em seu conteúdo, mais do que os valores de arte ou os efeitos emotivos, destacando principalmente a pintura histórica e em menos grau a pintura sagrada.
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Principais Características:
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▪ Aproximação das formas barrocas;
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▪ Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo ao observador;
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▪ As cores se libertaram e fortaleceram, dando a impressão, às vezes, de serem mais importantes que o próprio conteúdo da obra;
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▪ Dramaticidade;
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▪ O nacionalismo: sentimentos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
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▪ A paisagem passou a desempenhar o papel principal, não mais como cenário da composição, mas em estreita relação com os personagens das obras e como seu meio de expressão.
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A Prison Scene, Francisco de Goya, 1810-14
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Libert Leading the People, Eugène Delacroix, 1830
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REALISMO
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O Realismo que se manifestou entre 1850 e 1900, foi influenciado pela segunda fase da Revolução Industrial e pelas transformações que ocorreram no âmbito econômico, político, social e científico daquele período. Como resultado, surge um movimento artístico preocupado com a abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. O realismo representa uma reação ao subjetivismo do romantismo e do Neoclassicismo.
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Principais Características:

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▪ Representação objetiva da realidade. O pintor buscava representar o mundo de maneira documental; a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injusta; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos;
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▪ Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é;
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* Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.
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Fishmonger, Iman Maleki, 1996
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Woman with a Parrot, Gustave Courbet, 1866
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IMPRESSIONISMO
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O Impressionismo revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX. Sua maior característica foi atribuir importância fundamental à impressão lírico-subjetiva, relegando ao segundo plano toda a descrição objetiva de detalhes. O movimento foi uma reação contra o espírito greco-latino e a organização escolástica.
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Principais Características:
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▪ A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol;
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▪ As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para representar imagens;
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▪ As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado;
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▪ Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores barrocos;
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▪ As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se ótica.
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La Promenade, La Femme à L'ombrelle, Claude Monet, 1875
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. Dance at Le Moulin de La Galette, Renoir, 1876
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EXPRESSIONISMO
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O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, que utiliza cores irreais, para traduzir a desordem espiritual e a exaltação subjetiva, dando forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Desenvolveu-se entre 1905 e 1930 paralelamente ao Futurismo, na Itália, influenciando os movimentos modernistas.
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Principais Características:
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▪ Pesquisa no domínio psicológico;
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▪ Cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
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▪ Dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
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▪ Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais;
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▪ Pasta grossa, martelada, áspera;
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▪ Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões;
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▪ Preferência pelo patético, trágico e sombrio.
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Senecio, Paul Klee, 1922
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Still Life with Apples and Oranges, Paul Cezànne, 1895-1900
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Starry Night Over the Rhone, Vicent Van Gogh, 1888
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The Scream, Edvard Munch, 1893
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The Laundress, Toulouse-Lautrec, 1889
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FAUVISMO
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O Fauvismo é o estilo marcado pela equivalência da luz e pela construção do espaço com auxílio exclusivo da cor. Este movimento, iniciado em 1905, revolucionou o conceito de cor na arte contemporânea, renegando a paleta de tons naturalistas dos Impressionistas e usando cores puras, sem misturá-las ou matizá-las.
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Principais Características:
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▪ Pincelada violenta, espontânea e definitiva;
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▪ Ausência de ar livre;
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▪ Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não correspondendo à realidade;
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▪ Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
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▪ Pintura por manchas largas, formando grandes planos.
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Odalisque on a Turkish Sofa, Henri Matisse, 1928
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The Boats, André Derain, 1905
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CUBISMO
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O movimento surgiu por volta de 1919 e tinha o objetivo de se afastar da representação naturalista, conseguindo mostrar formas sobre a superfície do quadro a partir de vários ângulos, como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador.
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Principais Características:
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▪ Geometrização das formas e volumes;
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▪ Renúncia à perspectiva;
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▪ O claro-escuro perde sua função;
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▪ Representação do volume colorido sobre superfícies planas;
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▪ Sensação de pintura escultórica;
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▪ Cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.
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The Kiss, Pablo Picasso, 1969
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Head of a Woman, Georges Braque, 1909
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ABSTRACIONISMO
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Estilo que teve início no século XX, o Abstracionismo é a arte que se opõe à arte figurativa ou objetiva. Tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível, ela passa a ser abstrata.
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Principais Características:
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▪ Compreensão da pintura como meio de emoções intensas;
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▪ Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e automatismo;
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▪ Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis, trincha, espátulas, etc;
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▪ Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas enormes, utilizando tinta à óleo, pasta espessa de areia, vidro moído.
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Yellow Red Blue, Kandinsky, 1925
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The Knife Sharpener, Kasimir Malevith, 1912
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SURREALISMO
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Movimento artístico surgido na França em 1924 através do "Manifesto Surrealista". Apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo, no entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição da arte acadêmica, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases.
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A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam projetar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.

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Principais Características:
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▪ Valoriza a intervenção fantasiosa na realidade;
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▪ Ressalta o automatismo contra o domínio da consciência;
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▪ As formas da realidade são completamente abandonadas;
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▪ Explorar o inconsciente, o sonho, a loucura; aproximar-se de tudo que fosse antagônico à lógica e estivesse fora do controle da consciência.
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Metamorphosis of Narcissus, Salvador Dalí, 1936-37
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Swallow Love, Miró,1934
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Moses Nucleus of Creations, Frida Kahlo, 1945
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Fonte de pesquisa:
MARTINS, Simone R.; IMBROISI, Margaret H. Linha do Tempo. Disponível em:
http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html, acesso em 17 dezembro de 2009.
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domingo, 24 de janeiro de 2010

"O caracol não rejeita o dedo que lhe toca, encolhe-se..."

La niña de la muñeca de palo, © Foto de Alberto Korda, 1959.
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Estou triste. Falo de tristeza profunda, a que sinto quando deveria estar feliz. Tristeza de quem tem bote salva-vidas. Isso faz sentido? De quando todos riem das mesmas piadas entrecortadas por um copo de vinho ou outro etílico. De quando observo o dia claro. Já notaram como tudo fica bem torneado e limpo? As montanhas ficam acinturadas, as flores dançam uma valsa ritmada, o mar... ele dança qualquer coisa entre Beatles e Chico Buarque, depende das mares. Mas é quase sempre calmaria. E cheiro. E cochichos ao pé do ouvido. E brisa leve mudando o curso da lágrima no rosto. Nenhum daltonismo é relevante em dias assim. Cores bem definidas na brancura dos olhos. É só tristeza de saudade saciada, de saudade de sentir genuína felicidade.
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Agenda: A Máquina de Abraçar, José Patrício e Jean-Luc Godard.

Godard, cinema sem compromisso com linearidades
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Se o estilo Nouvelle Vague tem um representante fidelíssimo às suas raízes experimentalistas, essa pessoa é Jean-Luc Godard. Sua forma limítrofe e vanguardista de fazer cinema será revisitada na mostra que abre as comemorações pelos seus 80 anos.
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"Godard 80" faz um apanhado de parte da sua criação cinematográfica, com a exibição de 16 filmes, sendo 15 deles exibidos em película e 1 em DVD.
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Programação:.
26/01 terça-feira14h – Nouvelle Vague (Nouvelle Vague, 1990), 90 min, 14 anos
16h – Acossado (À Bout de Souffle, 1960), 85 min, 12 anos
18h – O Desprezo (Le Mépris, 1963) 103min, 16 anos
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27/01 quarta-feira14h – Carmem (Prénom: Carmen, 1983), 90min, 14 anos
16h – Alphaville (Alphaville, 1965), 100min, 12 anos
18h – Tempo de Guerra (Le Carabiniers, 1963) 85 min, 16 anos

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28/01 quinta-feira14h – Elogio ao Amor (Eloge de L’Amour, 2001) 97 min, 14 anos
16h – Carmem (Prénom: Carmen, 1983) 90 min, 14 anos
18h – O Desprezo ( Le Mépris, 1963), 103 min, 16 anos

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29/01 sexta-feira14h – Made in USA (Made in USA, 1966) 90 min, 16 anos
16h – Elogio ao Amor (Eloge de L’Amour, 2001) 97 min, 14 anos
18h – O Demônio das Onze Horas (Pierrot Le Fou, 1965), 115 min, 14 anos

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30/01 sábado
14h – Para Sempre, Mozart (For Ever Mozart, 1996) 85 min, 16 anos
16h – Uma Mulher é uma Mulher (Une Femme est une Femme, 1961) 85 min, 16 anos

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31/01 domingo14h – Je vous Salue, Marie (Je Vous Salue, Marie, 1985) 107 min, 18 anos
16h – Detetive (Detéctive, 1984) 98 min, 14 anos
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02/02 terça-feira14h – Infelizmente para Mim (Hélas pour Moi, 1992) 95 min, 16 anos
16h – Passion (Passion, 1982) 88 min, 16 anos
18h – O Pequeno Soldado (Le Petit Soldat, 1961) 93 min, 14 anos

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03/02 quarta-feira14h – Passion (Passion, 1982) 88 min, 16 anos
16h – Uma Mulher é uma Mulher (Une Femme est une Femme, 1961) 85 min, 16 anos
18h – O Desprezo (Le Mépris, 1963), 103min, 16 anos
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04/02 quinta-feira
14h – Alphaville (Alphaville, 1965), 100 min, 12 anos
16h – Para Sempre, Mozart (For Ever Mozart, 1996) 85 min, 16 anos
18h – Tempo de Guerra (Le Carabiniers, 1963) 85min, 16 anos
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05/02 sexta-feira14h – Made in USA ( Made in USA, 1966) 90 min, 16 anos
16h – O Pequeno Soldado (Le Petit Soldat, 1961) 93 min, 14 anos
18h – Je vous Salue, Marie (Je Vous Salue, Marie, 1985) 107 min, 18 anos

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06/02 sábado
14h – Detetive (Detéctive, 1984) 98 min, 14 anos
16h – O Demônio das Onze Horas (Pierrot Le Fou, 1965), 115 min, 14 anos

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07/02 domingo14h – Tempo de Guerra (Le Carabiniers, 1963), 85 min, 16 anos
16h – Alphaville (Alphaville, 1965) 100 min, 12 anos
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Mostra "Godard 80"Espaço Caixa Cultural

Av. Almirante Barroso, 25, Centro
De 26 de janeiro à 07 de fevereiro de 2010
Sessões a partir das 14h, de terça à domingo
Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia entrada)
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Imago Mundi V, José Patrício, 2007 (7.813 peças de dominó em resina)
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Quando criança gostava de montar figuras com objetos, principalmente os botões que minha mãe dispunha na sua caixa de costura. Outra brincadeira, era enfileirar peças de dominó, tanto quanto fosse possível, para depois ter o prazer de observá-las desabar em cascata. O trabalho do artista plástico José Patrício remonta, mesmo que com outra concepção, a esses passatempos infantis.
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O artista questiona os limites da arte e a apropriação de objetos do cotidiano em 12 obras produzidas entre 2004 e 2009. Os temas são: signo, representação do número, quantificação, geometria, abstração, jogo, espacialização, tempo e serialização.
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Exposição "José Patrício: O Número"
Espaço Caixa Cultural

Av. Almirante Barroso, 25, centro
De ter à sex, das 10h às 22h
Sáb, dom e feriados, das 10h às 21h
Entrada Franca
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Já abraçou alguém hoje?! Marina Vianna e Mariana Lima, a terapeuta e a paciente autista da peça com direção de Malu Galli
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Assim como a peça Simplesmente eu, Clarice Lispector (que assisti essa semana e que me alegra dizer, terá a temporada no Sesi prorrogada até março), A Máquina de Abraçar reestréia depois de elogiosas críticas no Teatro Leblon.
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Baseada no texto do dramaturgo espanhol José Sinisterra, a montagem aborda um tema pouco comum e cheio de desconhecimento – o autismo. Seu maior mérito, no entanto, são as linguagens usadas. A "limitação" serve como ferramenta para esmiuçar a dificuldade de estabelecermos contato, de mantermos e estreitarmos relações.
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Peça "A Máquina de Abraçar"
Teatro Leblon - Sala Fernanda Montenegro

Rua Conde de Bernadotte, 26, Leblon
De 19 de janeiro à 10 de fevereiro
Terças e quartas às 21h
Ingresso: R$ 50,00
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Across The Universe, Rufus Wainwright
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"As pessoas buscam "relacionamentos de bolso", do tipo de que se "pode dispor quando necessário" e depois tornar a guardar. Ou que os relacionamentos são como a vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde. Tal como no caso desse remédio, é preciso diluir as relações para que se possa consumi-las."
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Zygmunt Bauman, in: Amor Líquido.
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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Elegia onírica.

Flaming June, Frederick Leighton, 1895
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"Tenho a impressão de que o sonho é uma proteção contra a regularidade e a banalidade da vida, uma livre recriação da fantasia onde todas as imagens são embaralhadas e a contínua seriedade dos adultos é rompida através de um alegre jogo infantil. Sem os sonhos nós envelheceríamos mais cedo e, por isso, mesmo que não venham diretamente do alto, pode-se considerá-los uma dádiva divina."
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Novalis, in: Heinrich von Ofterdingen.
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Again, again...

  Dor, mulher haitiana por © Patrick Farrells, 2008
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Essa foto foi feita em 2008, quando a cidade de Gonaives no Haiti ficou à deriva por conta de enchentes provocadas pela passagem de furacões.
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O compadecimento provocado por catástrofes naturais parece mobilizar mais as pessoas. Cria-se uma espécie de consternação geral com prazo de validade, desse tipo de emoção que se torna trivial pela repetição e pelo distanciamento com os envolvidos.
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O maior desastre do Haiti e de um punhado de outras nações é humano. Um flagelo que se perpetua na cegueira nossa de todo dia.
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Em meio ao desaparecimento de tantos, que serão apenas números nos dias que seguem, não pude deixar de pensar na circunstância de um deles. Dra. Zilda Arns enxergava como poucos que a maior tragédia é se alienar da necessidade do outro.
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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Agenda: Eugène Boudin, Carlos Scliar, Clarice em dois tempos...

Le Havre, Eugène Boudin, 1889
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Obras dos pintores Eugène Boudin e Frans Post, podem ser vistas a partir de hoje no Museu Nacional de Belas Artes. Todas as telas fazem parte do acervo do MNBA, que comemora 73 anos este mês.
.Frans Post fez parte da comitiva de Mauricio de Nassau, quanto este aportou em terras Pernambucanas com a expedição holandesa. Parte de seu trabalho retrata a arquitetura, a natureza, os engenhos de açúcar e os costumes da Recife daqueles tempos.
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Já o francês Eugène Boudin é nome proeminente do movimento impressionista, sendo considerado o seu precursor. Ao meu ver, depois das "Noites Estreladas" do Van Gogh, não existe representação do céu mais bonita que as de Boudin. Ora abertos, ora sisudos, salpicados de nuvens, reproduzindo o arrebol das tardes, quase sempre se fundindo com o mar, os barcos singrando o horizonte.
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Exposição Eugène Boudin e Frans Post 
Museu Nacional de Belas Artes
Avenida Rio Branco, 199, Centro
De 13 de janeiro à 07 de março de 2010
Ter à sex, das 10h às 18h
Sáb, dom e feriados, das 12h às 17h
Ingresso: R$ 5,00 (entrada franca aos domingos)
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Retrato Clarice Lispector, por Carlos Scliar, 1972
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Outra exposição com abertura hoje faz uma retrospectiva dos mais de 60 anos de carreira do pintor, serigrafista, escultor e gravurista gaúcho, Carlos Scliar. Multifacetado, Scliar é considerado um dos mestres da arte moderna no Brasil. Não conheço tanto o seu trabalho, salvo alguns retratos, como este da Clarice Lispector. Existe tempo hábil para até o dia 21 de fevereiro, rever ou como no meu caso, se familiarizar com mais de 80 obras do artista reconhecido mundialmente.
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Exposição Carlos Scliar: Perfil e Trajetórias
Centro Cultural dos Correios
Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro
De 13 de janeiro à 21 de fevereiro de 2010
Ter à dom, das 12h às 19h
Entrada Franca
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Simplesmente eu, Clarice Lispector, com Beth Goulart, 2009
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Falando em Clarice... Beth Goulart retorna aos palcos cariocas para uma curta temporada no Teatro Sesi. Quem não conseguiu assistí-la no CCBB tem uma nova oportunidade.
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Em tempo. Dificilmente abandono um livro no meio da leitura (salvo desastrosas exceções). Não é o caso, nem de longe, mas "Indignação" do Philip Roth estagnou no último capítulo. Tudo culpa do meu presente de fim de ano preferido. A biografia do Benjamin Moser é arrebatadora! Não. Assim é Clarice, arrebata de estranhamento. Compartilho impressões ao fim da leitura.
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Peça Simplesmente eu, Clarice Lispector
Teatro Sesi
Avenida Graça Aranha, nº 1, Centro
De 12 à 27 de janeiro de 2010
Terças e quartas, às 19:30h
Ingresso: R$ 40,00
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Trecho do livro, onde ela explica de um modo todo seu, o significado fracionado de seu nome:
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Clarice, lis, lírio. A flor-de-lis.
Lispector, pector, peito.
Um lírio no peito.

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"Sou um objeto querido por Deus. E isso me faz nascerem flores no peito. Ele me criou igual ao que escrevi agora: "sou um objeto querido por Deus" e ele gostou de me ter criado como eu gostei de ter criado a frase. E quanto mais espírito tiver o objeto humano mais Deus se satisfaz.
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Lírios brancos encostados à nudez do peito. Lírios que eu ofereço e ao que está doendo em você. Pois nós somos seres e carentes. Mesmo porque estas coisas - se não forem dadas - fenecem..."
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Prescrição...

Man's Head, self portrait, Lucian Freud, 1963
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"Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia."
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Nietzsche.
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Upgrade:
Modifiquei a foto das "águas-vivas" encontrada no google imagem, depois de receber um comentário do autor, reivindicando com veemência a sua exclusão resguardado por direitos autorais. A mensagem foi um tanto ríspida e tão confusa, que gerou um erro de interpretação. O fato é que descobri (com auxílio de uma leitora do blog) que se tratava de uma fotografia da Cinelândia (já deletada!), vinculada ao post: "O pretérito-mais-que-perfeito."

Certo dia me perguntaram por que havia de ter um blog, não soube responder de pronto, mas certamente desejo que algo seja visto, dito, ouvido, compreendido. Alguns processos derivam de mim, e tantos outros de terceiros, aos quais me relativizam, decodificam ou inspiram, mas que em detrimento disso, merecem respeito e menção de seus inspiradores feitos.
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Na imagem, devidamente creditada, como de praxe, um auto-retrato do pintor Lucian Freud, neto do pai da psicanálise. A frase do Nietzsche em equivalência de imagem.
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Rio, 12/01/2010.
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domingo, 10 de janeiro de 2010

O pensamento materializado: mestres da fotografia (2)

© Maurren Bisilliat, 1931-
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© Ansel Adams, 1902-1984
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© Irving Penn, 1917-2009.
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© Sarah Moon, 1940-.
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© Helmut Newton, 1920-2004
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© Herman Leonard, 1923-
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© Herb Ritts, 1952-2002
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© Alexander Rodtchenko, 1891-1956
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© Steve McCurry, 1950-
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© Andreas H. Bitesnich, 1964-
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© Yann Arthur-Bertrand, 1946-
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© Mario Testino, 1954-
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© Cecil Beaton, 1904-1980
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© Annie Leibovitz, 1949-
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© Edward Weston, 1886-1958
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* Mais informações sobre os fotógrafos, na sessão de link's Autofocus.

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