sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Agenda: Os sonhos de uma geração e de uma mulher chamada Clarice.

Retratos do universo Clariceano, com Beth Goulart, ©
 foto de Ricardo Chaves
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“A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música, o mundo recomeçava ao redor. O mal estava feito. Por quê? Teria esquecido de que havia cegos? A piedade a sufocava, Ana respirava pesadamente. Mesmo as coisas que existiam antes do acontecimento estavam agora de sobreaviso, tinham um ar mais hostil, perecível... O mundo se tornara de novo um mal-estar. Vários anos ruíam, as gemas amarelas escorriam. Expulsa de seus próprios dias, parecia-lhe que as pessoas na rua eram periclitantes, que se mantinham por um mínimo equilíbrio à tona da escuridão – e por um momento a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir.”
(...)
Clarice Lispector, in: Laços de Família.

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Esse mundo belo, intrínseco, caótico e quase inacessível, é revisitado no monólogo “Simplesmente Eu. Clarice Lispector”. Ainda não assisti ao espetáculo, coisa que não tardará a acontecer, assim que o vir, provavelmente compartilharei impressões.
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Algumas pessoas falam sobre si e os outros, com beleza incomum. Parecem comungar com a pluralidade do mundo. Penso que sintetizam tão bem o tempo, as transformações, os sentimentos, seus fantasmas ou mesmo os sonhos, porque respeitam a sensibilidade que possuem. As ideias assim se abrangem, por isso são belas, por isso falam diretamente como flechas que nos atingem em cheio. Aquele tipo de golpe que desarma, que paralisa. Que metaforicamente, mata de amor ou de dor.
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Peça Simplesmente Eu. Clarice Lispector
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro
De quarta à domingo, às 19h. Até 4 de outubro
Ingresso: R$ 10,00
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Utopia, sf. projeto irrealizável; quimera; lugar ou posição ideal, ainda não atingida
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Para falar da incessante vocação do homem em sonhar, estréia dia 31 de agosto, segunda-feira, às 20h30, na TV Brasil, a série “Era das Utopias.”
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A conferir!
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"A questão é: quanta realidade se deve reter mesmo num mundo que se tornou inumano, se não quisermos que a humanidade se reduza a uma palavra vazia ou a um fantasma? Ou, para colocá-la de outra forma, em que medida ainda temos alguma obrigação para com o mundo, mesmo quando fomos expulsos ou nos retiramos dele?"
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Hannah Arendt, in: Homens em Tempos Sombrios.
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Os Semelhantes...

Parecenças incomuns, Diego Rivera e Frida Kahlo
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Forçar-se a agir contrariamente ao que julga coerente ou predileto é uma forma de constrangimento tal, quase uma violência. Foi o que pensei ao pegar o metrô dia desses. Considero-o um meio de transporte civilizado e ágil, mas não tenho o hábito de apanhá-lo.
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Me incomoda muitíssimo a sua internalidade. Aquele ar pesado. A ausência do movimento frenético da superfície, da visão da cidade e seus contornos, mesmo das inconstâncias climáticas. O que há para se fazer num deslocamento subterrâneo? Certamente ler ou escutar música seriam bons escapismos, mas estava despreparada de ambos. Comecei então a observar quem entrava e saía. Um hábito legítimo, afinal. Algo que me dispersa do sentido de tempo e espaço.
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Não é um tipo de observação alcoviteira. É quase utópica. Imagino qual a história daqueles, cujos rostos serão esquecidos na próxima esquina. Deduzo pelas rugas nos semblantes alguma alegria invulgar, apreensão, desconforto, tédio, mansidão. Por vezes um "por favor, obrigada", "com licença" ou "boa qualquer coisa", dão indícios de educação elementar.
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Os trajes também auxiliam a constituição dos retratos. Colarinhos puídos, sapatos opacos de sola gasta, unhas por fazer, cabelos desgrenhados, dão uma inexorável sensação de desleixo. Logo vem à cabeça: por qual desgosto terá passado, para que soe assim tão displicente da vida? Em contrapartida, "o outro" adiante, é ainda mais enigmático, impecavelmente bem vestido e com ar pomposo. Seria só vaidade ou autoafirmação de quem gosta pouco de si?
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O contraditório homem de terno italiano desceu duas estações depois. A mesma em que embarcou aquele casal tão estranho. Percebi que aqueles aos quais meus olhos já haviam radiografado, flertavam menos indulgentes com o meu passatempo. Provavelmente só enxergavam o abismo harmonioso entre os dois.
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Ela, obesa e atarracada. Percebia-se no rosto esticado e branco, algo em torno dos 35 anos. Ainda na face, reluziam óculos de armação fina e feições fortes, pouco simétricas. Trajava um vestido florido que lhe cobria a opulência do corpo com elegância. Uma verdadeira matrona italiana de quadris largos, uma parideira.
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Ele, magro e longilíneo. Possivelmente com os mesmos pares de anos dela. Vestia jeans lavado e uma camisa rosa-bebê. As feições delicadas, quase femininas e olhos doces. Na verdade, doce era o olhar que ele destinava a ela. Tinha uma certa idolatria naquele olhar. Eles estavam apaixonados inegavelmente. Assim como era inegável os olhares aturdidos, incrédulos da união pouco comum.
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Quem afinal constituiu que há de haver sincronismo físico entre os enamorados? Que só nos apaixonamos por clones rebuscados de nossa imagem ou pelo modelo estético vigente? Que tolice. As pessoas apenas se atraem por motivos que a maioria desconhece. O resto é teoria.
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Era o que ela deveria pensar, enquanto segurava um livro da Anne Sexton (realmente a amei por isso) e, conversava ininterruptamente com ele num tom de voz pouco audível, e gestos leves.
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"Next, Botafogo Station", avisou a locutora do metrô. Dirigi-me à porta ávida por ar, quando vi cair um marcador de livros. Abaixei e o apanhei automaticamente. Quando pus-me de pé, havia uma mão estendida pronta à recebê-lo. A moça opulenta! Retribuiu-me com um sorriso aberto e assertivo, além de um "muito obrigada" em tom melodioso.
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Já em superfície, abastecendo meus pulmões de ar carbonado, os vi seguir em direção contrária atravessando a rua. O rapaz com corpo de louva-a-deus e sua musa botticelliana.
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Seus rostos começam a desbotar, é sempre assim. Antes que aconteça, preciso escrever no verso do "retrato", qualquer coisa que seja. Talvez, "ser o que se é"...

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"Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isso com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isso com o pensamento seria achá-las todas iguais."
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Fernando Pessoa.

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os círculos...

Rodízio de pizzas, na casa da Lilliam.


Tomate pelati, e especiarias... eis o molho.

"A Redonda", transbordando de recheio.
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Nos círculos,
o ponto de chegada e partida é sempre o mesmo.
A peculiaridade fica nos trajetos,
que podem ser alterados, postergados,
limitados, negligenciados. Terem especiarias,
sabores variados, densidades,
ingestão rápida ou vagarosa.
Frescor, puerilidade ou
a artificialidade de molhos ácidos e
outros enlatados prontos.
Um paladar apurado e olhos que enxergam a “beleza”.
Uma boca amarga e olhos nublados.
A leveza das massas fofinhas, discretamente crocantes.
A dureza da farinha em demasia,
do fundo solado, queimado, pragmático.
Os bons aromas que enebriam, entorpecem.
Os que enjoam e principiam enxaquecas repentinas.
A habilidade das improvisações.
A limitação dos olhares obtusos.
O tempo e a temperatura adequados. A propósito,
eles andam juntos.
O tempo, às vezes esfria.
E em alguns casos, isso é inevitável.
Alguns ingredientes desandam
quando há discrepância de temperatura.
Noutros, o calor, a fervura, a fusão das misturas,
dão a liga necessária. Nesses,
a ação do tempo não diz muito.
Uma circunferência, se traça no "compasso" e
no descompassado das ações antagônicas,
que são a própria vida.
Há quem prefira as massas e
se prenda aos começos e finais.
Mas o que faz diferença e dá significado
são as trajetórias cheias de "recheio".
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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo..."


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Certo dia, o escritor francês Marcel Proust respondeu a um questionário, que foi oferecido aos convidados de uma festa da alta-roda parisiense. Dizem que gostou tanto das perguntas, que o modelo foi batizado com o seu nome; segundo outra versão, a partir daquele momento, Proust começou a interessar-se pelo assunto e fez mudanças significativas nas questões. De convicto mesmo, só o fato de já terem sido respondidas por grandes artistas e escritores.

Quando minha amiga mandou o email com o questionário, disse em síntese: “Olha, até Drummond e o Manuel Bandeira já responderam!” tentando soar persuasiva.

Depois da sabatina, fiquei a pensar na antítese criativa, que só gênios como Proust são capazes de oferecer.
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O questionário pode ser um passatempo divertido. Mas se prefere algo "denso", há ainda a alternativa intelectualmente instigante de "No Caminho de Swann", "As Sombras das Raparigas em Flor", "O Caminho de Germantes", "Sodoma e Gomora", "A Prisioneira", "A Fugitiva" e "O Tempo Reencontrado", os sete volumes de romances que formam o épico "Em Busca do Tempo Perdido".
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Leitura Proustiana para todos os gostos e estados de espírito.
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1. Qual é a sua maior qualidade?
Lealdade.
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2. E seu maior defeito?
Incapacidade de síntese e assertividade, coisa de quem economiza a palavra dita.
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3. A característica mais importante em um homem?
Masculinidade.
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4. E em uma mulher?
Feminilidade.
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5. O que você mais aprecia nos seus amigos?
A diferença.
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6. Sua atividade favorita é…
Ler, cozinhar, nadar, fotografar...
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7. Qual a sua ideia de felicidade?
Auto-conhecimento. Amigos. Uma estante de livros em madeira, com o pé direito tão alto que exija uma escada. Passar pelos anos de mãos dadas com alguém. Casa com flores, ruídos, cozinha viva. Viagens sem destino.
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8. E o que seria a maior das tragédias?
Alguns acontecimentos fizeram-me rever o trágico. Por isso considero dramas pessoais uma contingência da vida. Menos trágicos que algumas cegueiras e alienações.
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9. Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
Seria interessante saber o que se passava na cabeça do Leonardo da Vinci.
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10. E onde gostaria de viver?
Amsterdã ou Paris.
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11. Qual sua cor favorita?
Azul.
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12. Uma flor?
Orquídea.
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13. Um pássaro?
Beija-flor.
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14. Seus autores preferidos?
Clarice Lispector, James Joyce, Julio Cortázar, Simone de Beauvoir, Guimarães Rosa, Albert Camus, Susan Sontag, Marcel Proust...
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15. Os poetas que mais gosta?
Fernando Pessoa, Sylvia Plath, Rainer Maria Rilke, Drummond, Manuel António Pina, Manoel de Barros, Shakespeare, Florbela Espanca, Mario Quintana, Alejandra Pizarnik, João Cabral de Melo Neto...
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16. Quem são seus heróis de ficção?
Snoopy.
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17. E as heroínas?
Mafalda.
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18. Seu compositor favorito é…
Tom Jobim, Sebastian Bach e Beethoven.
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19. E os pintores que você mais gosta?
Caravaggio, Van Gogh, Marc Chagall, Leonardo da Vinci, Frida Kahlo, Michelangelo, Peter Paul Rubens, Renoir, Francisco de Goya, Rembrandt, Gustav Klimt, Toulouse-Lautrec, Edvard Munch...
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20. Quem são suas heroínas na vida real?
Clarice Lispector, pela inquietação.
Frida Kahlo, pela força.
Madre Tereza, pela humanidade.

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21. E quem são seus heróis?
Leonardo da Vinci, pela genialidade..
22. Qual sua palavra favorita?
Delicadeza.
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23. O que você mais detesta?
Indiferença.
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24. Quais são os personagens históricos que você mais despreza?
Adolf Hitler.
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25. Quais dons naturais você gostaria de possuir?
Telepatia.
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26. Como você gostaria de morrer?
Não penso a respeito, talvez dormindo.
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27. Qual seu atual estado de espírito?
Serve "o seu eterno estado de espírito"?
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28. Que defeito é mais fácil perdoar?
Defeitos não são da alçada dos perdões, e sim, da aceitação, quando possível.
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29. Qual é o lema da sua vida?
Não criei um ainda. Mas é recorrente a busca pelo entendimento dos meus “processos”. 
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"E, logo que o nosso chamado retiniu, na noite cheia de aparições para a qual só os nossos ouvidos se inclinam, um ruído leve – um ruído abstrato – o da distância surpresa – e a voz do ser querido se dirige a nós.
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É ele, é a sua voz que nos fala, que ali está. Mas como essa voz se acha longe! Quantas vezes não pude escutar senão com angústia, como se ante essa impossibilidade de ver, antes de longas horas de viagem, aquela cuja voz estava tão perto de meu ouvido, eu melhor sentisse o que há de decepcionante na aparência da mais doce aproximação, e a que distância podemos estar das pessoas amadas, no momento em que parece que bastaria estendermos a mão para retê-las...”

Marcel Proust, in: Em Busca do Tempo Perdido, vol. III.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Tempo revisitado...

El Relojero, Remedios Varo, 1955
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Preciso tiempo necesito ese tiempo
[ Preciso de tempo necessito desse tempo ]
que otros dejan abandonado
[ que outros deixam abandonado ]
porque les sobra o ya no saben
[ porque lhes sobra ou já não sabem ]
que hacer con él
[ que fazer com ele ]
tiempo
[ tempo ]
en blanco
[ em branco ]
en rojo
[ em vermelho ]
en verde
[ em verde ]
hasta en castaño oscuro
[ até em castanho escuro ]
no me importa el color
[ não me importa a cor ]
cándido tiempo
[ cândido tempo ]
que yo no puedo abrir y cerrar
[ que não posso abrir e fechar ]
como una puerta
[ como uma porta ]
tiempo para mirar un árbol un farol
[ tempo para olhar uma árvore um farol ]
para andar por el filo del descanso
[ para andar pelo fio do descanso ]
para pensar qué bien hoy es invierno
[ para pensar que bom que hoje é Inverno ]
para morir un poco
[ para morrer um pouco ]
y nacer enseguida
[ e nascer em seguida ]
y para darme cuenta
[ e dar-me conta ]
y para darme cuerda
[ e dar-me corda ]
preciso tiempo el necesario para
[ preciso do tempo necessário para ]
chapotear unas horas en la vida
[ chapinhar umas horas na vida ]
y para investigar por qué estoy triste
[ e para investigar por que estou triste ]
y acostumbrarme a mi esqueleto antiguo
[ e acostumar-me ao meu esqueleto antigo ]tiempo para esconderme
[ tempo para esconder-me ]
en el canto de un gallo
[ no canto de um galo ]
y para reaparecer en un relincho
[ e reaparecer num relincho ]
y para estar al día
[ e para estar em dia ]
para estar a la noche
[ e para estar em noite ]
tiempo sin recato y sin reloj
[ tempo sem recato e sem relógio ]
vale decir preciso
[ vale dizer preciso ]
o sea necesito
[ ou seja necessito ]
digamos me hace falta
[ digamos que me faz falta ]
tiempo sin tiempo
[ tempo sem tempo ]

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Mario Benedetti.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Agenda: Simone de Beauvoir, Brecheret, Burle Marx, Little Joy...

Simone de Beauvoir, © foto de Elliot Erwitt, Paris, 1949

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Peça "Viver Sem Tempos Mortos"
Monólogo com Fernanda Montenegro, baseado nas cartas e depoimentos autobiográficos da escritora e intelectual existencialista Simone de Beauvoir.
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Teatro Oi Futuro
Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo.
Qui, Sex, Sáb e Dom às 19:30h. Até 30 de Agosto.Entrada: R$ 15,00.

Depois a peça prossegue a temporada no teatro do Shopping Fashion Mall, ou seja, aproveite o módico e camarada ingresso do espaço Oi Futuro..
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Exposição "A Arte Indígena de Victor Brecheret"Mostra com 29 esculturas e 23 desenhos do artista que transformava pedras, terracota e madeira em arte. As peças são inspiradas na cultura indígena e marajoara, da Ilha de Marajó, no Pará..
Caixa Cultural
Av. Almirante Barroso, 25, Centro.
Ter à Sáb, das 10h às 22h. Dom, das 10h às 21h.
De 07 de Julho à 23 de Agosto.
Entrada Franca.

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Festival de Cinema "Assim Vivemos"
O universo pretensamente limitado de pessoas com deficiência física, é abordado nos 24 filmes de 13 países exibidos no festival. No final do dia, sempre às quartas e quintas, serão realizados debates.
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Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro.
Até 16 de Agosto.
Entrada Franca.
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Programação completa no site do festival.
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Show da Banda "Little Joy"
Encontro despretencioso de trabalhos paralelos, que resultou num som muito bacana. A banda é formada pelo Rodrigo Amarante (guitarrista do Los Hermanos), Binki Shapiro e Fabrizio Moretti (baterista do The Strokes).
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Fundição Progresso
Rua dos Arcos, 24, Lapa.
Dia 14 de agosto, às 22h.

Entrada: R$ 100,00 (inteira), R$ 50,00 (meia).
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Exposição "Burle Marx"
Comemoração do centenário de nascimento do paisagista. Fazem parte da programação, exposição fotográfica de Marcel Gautherot, lançamento de guia paisagístico, distribuição de mudas e atividades infantis.
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Instituto Moreira Salles
Rua Marques de São Vicente, 476, Gávea.
Ter à Sex, das 13h às 20h. Sáb, Dom e Feriados das 11h às 20h.
De 08 de Agosto à 27 de Setembro.
Entrada Franca.

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"Nossa existência é uma morte lenta? É evidente que não. Semelhante paradoxo desconhece a verdade essencial da vida: ela é um sistema instável no qual se perde e se reconquista o equilíbrio a cada instante: a inércia é que é o sinônimo da morte. A lei da vida é mudar."

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Simone de Beauvoir, in: Balanço Final.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Rio Buárquico, subjetividades de tempo e espaço.

Urca, calmaria que me representa, meados de 2007
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Sempre gostei da minha cidade, São Sebastião do Rio de Janeiro.
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Uma carioca típica, que se apressa eufórica para dizer-te maravilhosa, mas que aponta as agruras, sem que necessariamente fique confortável quando outros se lançam a críticá-la. Tenho meus lugares cativos em pedras, meios-fios, museus, cinemas, jardins, mares... mas a cidade nunca pareceu tão bonita quanto nos últimos dias. Enxerguei-a sob a perspectiva de outros olhos e quão doces eles foram. Na liquefação das nuvens ensaiando os tons do inverno, a cidade ganhou cores, sons, sotaques, aura, alma.
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Que lindo esse Rio de discussões socio-filosóficas, afinal, pensar nos difere e nos escraviza. De andanças sem hora de partida ou chegada. De desmistificações sobre o ir e vir de uma metrópole dita caótica. De sorrisos e olhares. De Chico Buarque como trilha sonora. De (re) encontros. De cafés, em cafés. De letras & expressões.
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