terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Introspectiva[mente]

Melancholy, Edgar Degas, 1874
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Não tenho feito muitos amigos (salvo uma enfermeira da maternidade que gostou de mim e depois de quase oito meses de Paulinho nascido vem me visitar na folga — hoje toma chá comigo), e não tenho influenciado nenhuma pessoa. Tomo menos milk-shake e levo uma vida diária vazia e agitada. Passo o tempo todo pensando — não raciocinando, não meditando — mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o que, mas aprendendo. E com a alma mais sossegada (não estou totalmente certa). Sempre quis “jogar alto”, mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais profundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros nem de influência de pessoas, uma coisa muito minha e que desde pequena deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta frequência. Disso tudo, restam nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada. Mas aceito tanto agora. Nem sempre pacificamente, mas a atitude é de aceitar.
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Clarice Lispector, in: Correspondências.
Carta enviada a Fernando Sabino em 05 de outubro de 1953.
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Variações sobre um mesmo tema: Cupido e Psiquê

Cupid and Psyche as Children, William Bouguereau, 1890
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O mito da princesa mortal que transformou-se em deusa e cuja beleza despertou o ciúme de Vênus e o amor de seu filho, Cupido, foi contada pela primeira vez pelo escritor romano Lúcio Apuleio, em “O Asno de Ouro”, século II d.C. Desde então, vem sendo retratado por vários artistas, da antiguidade ao período neoclássico.
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Pode-se dizer, que os aspectos mitológicos, alegóricos e de fábula, conferem ao mito tamanha empatia, mas que talvez seu maior atrativo, seja mesmo o ideal de amor. Seja ele qual for.

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Cupid and Psyche Studying Butterfly, Antonio Canova, 1808

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Cupid and Psyche Studying Butterfly (Detail), outra escultura de Canova, "Psyche Revived by the Kiss of Love", possivelmente a mais famosa representação de Cupido e Psiquê, já ilustrou o blog no post "O que está por trás daquilo que você não vê?!"

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Psyché et L'Amour, François Gérard, 1798

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Cupid, Antoine-Denis Chaudet, 1802-1807
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Cupid With a Bow, François-Joseph Bosio, 1808
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Cupid and Psyche, Paul Baudry, 1892

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Cupid Making a Bow Out of the Club of Hercules, Admé Bouchardon, 1750
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Amor and Psyche, Bertel Thorvaldsen, 1807

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Cupid, Etienne Maurice-Falconet, 1757

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The Abduction of Psyche, William Bouguereau, 1895

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Cupid and Psyche, Edvard Munch, 1907

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Cupid and Psyche, Claude-Augustin Cayot, 1706

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Psyché et l’Amour Endormi, Peter Paul Rubens, 1636

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Love Conquers All, Caravaggio, 1601-1602

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Triumph of Cupid and Psyche, Giulio Bonasone, 1560

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Le Mariage de Psyché et de L'Amour, François Boucher, 1744
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Eros and Psyche, Reinhold Begas, 1870
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Cupid and Psyche, Jacques-Louis David, 1817

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Cupid and Psyche, Auguste Rodin, 1893

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Sleeping Cupid, Caravaggio, 1608

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Cupid Revives Psyche, Bertel Thorvaldsen, 1810

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Cupid and Psyche, Orazio Gentileschi, 1628-1630

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"Amor vincit omnia..."
Virgílio.

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domingo, 12 de dezembro de 2010

O Ser e o Devir.

Ensaio "Pele Preta", © foto de Maurren Bisilliat, 1966
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É um mistério o existir, o ser, o haver
Um ser, uma existência, um existir –
Um qualquer que não este por ser este –
Este é o problema que perturba mais.
O que é existir, não nós ou o mundo –
Mas existir em si?
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Fernando Pessoa.
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

"Todo o tempo é irredimível. O que poderia ter sido é uma abstração."

The Persistence of Memory (Detail), Salvador Dalí, 1931
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As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo; mas o que apenas vive
Pode apenas morrer. As palavras, após a fala, alcançam
O silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma,
Podem as palavras ou a música alcançar
O repouso, como um vaso chinês que ainda se move
Perpetuamente em seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,
Não apenas isto, mas a coexistência,
Ou seja, que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio sempre estiveram lá
Antes do princípio e depois do fim.
E tudo é sempre agora. As palavras se distendem,
Estalam e muitas vezes se quebram, sob a carga,
Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,
Apodrecem com a imprecisão, não querem manter-se no lugar,
Não querem quedar-se quietas.
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T.S. Elliot, in: Burnt Norton (trecho).
Primeiro poema de "Four Quartets".

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