segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"Para que nada seja definitivo - nem esta ânsia de palavras nem o dito e o contradito..."

Study Sketch for Morning Sun, Edward Hopper, 1952
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Vós, palavras, de pé, sigam-me!
e se já fomos longe,
longe demais, ainda se vai
mais longe, vai-se para
nenhum fim.
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Não fica mais claro.
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A palavra
irá apenas
arrastar com ela outras palavras,
a frase frases.
Assim o mundo queria
definitivamente
impor-se,
estar já dito.
Não o digam.
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Palavras, sigam-me!
Para que nada seja definitivo
- nem esta ânsia de palavras
nem o dito e o contradito.
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Não deixem por um instante ainda
nenhum dos sentimentos falar,
que o músculo coração
se exercite de outra forma.
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Não deixem, vos digo, não deixem!
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Ingeborg Bachmann.
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