Self-Portrait, Pavel Filonov, 1911
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"... Lúcida, imóvel, deserta, a consciência se encontra entre as paredes; perpetua-se. Já ninguém a habita. Ainda agora alguém dizia eu, dizia minha consciência. Quem? Exteriormente havia ruas falantes, com cores e odores conhecidos. Restam paredes anônimas, uma consciência anônima. Eis o que há: paredes, e entre as paredes, uma pequena transparência viva e impessoal. A consciência existe como uma árvore, como um fragmento de relva. Está sonolenta, entedia-se. Pequenas existências fugitivas a povoam como pássaros em galhos. Povoam-na e desaparecem. Consciência esquecida, abandonada entre essas paredes, sob esse céu cinza. E eis aqui o sentido de sua existência: é que ela é consciência de ser de mais..."
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Jean-Paul Sartre, in: A Náusea.
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