quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"... é uma lucidez vazia, como explicar?"

Victoria, Amedeo Modigliani, 1917
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Tenho pena de tudo quanto lida
Neste mundo, de tudo quanto sente,
Daquele a quem mentiram, de quem mente,
Dos que andam pés descalços pela vida.
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Da rocha altiva, sobre o monte erguida
Olhando os céus ignotos frente a frente,
Dos que não são iguais à outra gente,
E dos que se ensangüentam na subida!
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Tenho pena de mim... pena de ti...
De não beijar o riso duma estrela...
Pena dessa má hora em que nasci...
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De não ter asas para ir ver o céu...
De não ser Esta... a Outra... e mais Aquela...
De ter vivido e não ter sido Eu...
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Florbela Espanca.
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