domingo, 18 de setembro de 2011

(( Anǐma ))

Madonna in Glory (detail), Carlo Dolci, 1870
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Entre as flores o seu coração estava em casa, como se fosse uma delas. A todas chamava pelo nome, por amor dava-lhes novos nomes mais belos e sabia exatamente a duração da vida de cada uma, na alegria. Tratava a Natureza como uma irmã, como um ser amado, de quem se gostaria de receber a primeira saudação da manhã. E de tudo isto se ocupava aquela serena criatura, absorta na sua felicidade, quando íamos passear ao prado ou à floresta. E tudo isto não era absolutamente nada cultivado, estabelecido. Era simplesmente desenvolvido, à medida que ela crescia. Trata-se, pois, de uma certeza eterna, por todo o lado comprovada: quanto mais inocente e bela é uma alma, tanto mais familiar ela se mantém em relação às outras vidas felizes, a essas que chamamos inanimadas.


Friedrich Hölderlin, in: Hipérion ou o Eremita da Grécia.


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