segunda-feira, 4 de abril de 2011

Soneto das vogais

"Voyelles", Arthur Rimbaud, 1871
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A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais, 
Ainda desvendarei seus mistérios latentes: 
A, velado voar de moscas reluzentes 
Que zumbem ao redor dos acres lodaçais; 

E, nívea candidez de tendas areais, 
Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes; 
I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes 
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais; 

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos, 
Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos 
Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos; 

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos, 
Silêncios assombrados de anjos e universos; 
– Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos! 
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Arthur Rimbaud.
(Tradução de Augusto de Campos)
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