Jorge de Capadócia, Caetano Veloso
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É bem verdade que São Sebastião é o padroeiro legítimo da cidade do Rio de Janeiro, mas talvez não seja tão festejado e reverenciado quanto São Jorge. Reza a história, que o mártir nasceu durante o século terceiro entre 275 e 285 dC. em Capadócia, região da Anatólia, hoje parte da Turquia.
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Aos 17 anos de idade, alistou-se na cavalaria do exército romano em Nicomédia, durante o reinado do imperador Diocleciano. Este tinha interesse em instaurar o paganismo romano. Para tanto, emitiu um decreto que mandava destruir igrejas e cerceava direitos de quem admitisse ser cristão.
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São Jorge se opôs ao decreto imperial, mantendo-se fiel ao cristianismo e rebelando-se contra os excessos do Imperador. Diocleciano tentou convencê-lo, primeiro com recompensas, que foram recusadas, depois torturando-o de várias formas. Reconhecendo a inutilidade de seus esforços, mandou degolá-lo em 23 de abril de 303 d.C.
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São Jorge foi canonizado em 494 d.C., pelo Papa Gelásio I. É padroeiro da Inglaterra e de várias cidades européias. No Brasil, parte da devoção ao Santo Guerreiro extravasa a liturgia católica e se ramifica dentro da mitologia Yorubá, sob a representação do orixá Ogum.
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A alegoria do dragão dentro das representações pictóricas de São Jorge:
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St.George Killing The Dragon, Jacopo Bellini, Séc. XV
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St. George Killing the Dragon, Eugene Delacroix, Data incerta
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St. George and the Dragon (detail), Vittore Carpaccio, 1516
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St. George Slaying the Dragon, Hans Von Aachen, Data incerta
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St. George and the Dragon, Gustave Moreau, Data incerta
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St. George and the Dragon, Antony Van Dyck, Data incerta
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St. George and the Dragon, Raffaello Sanzio, 1505-06
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St. George on Horseback, Mattia Preti, 1658
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St. George Fighting the Dragon, Peter Paul Rubens, 1606-10.
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"...Após tanto saber, que perdão? Suponha agora
Que a história engendra muitos e ardilosos labirintos,
estratégicos
Corredores e saídas, que ela seduz com sussurrantes ambições,
Aliciando-nos com vaidades. Suponha agora
Que ela somente algo nos dá, enquanto estamos distraídos
E, ao fazê-lo, com tal balbúrdia e controvérsia o oferta
Que a oferenda esfaima o esfomeado. E dá tarde demais
Aquilo em que já não confias, se é que nisto ainda confiavas,
Uma recordação apenas, uma paixão revisitada. E dá cedo
demais
A frágeis mãos. O que pensado foi pode ser dispensado
Até que a rejeição faça medrar o medo. Suponha
Que nem medo nem audácia aqui nos salvem. Nosso heroísmo
Apadrinha vícios postiços. Nossos cínicos delitos
Impõem-nos altas virtudes. Estas lágrimas germinam
De uma árvore em que a ira frutifica..."
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T.S. Eliot, in: Gerontion's.
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