In Search, Gao Xingjian, 2014
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A alegria das coisas não é a posse
mas a semelhança delas com os nossos dedos.
Nem as coisas têm forma própria
mas a que lhes dá a mão, usando-as.
A tristeza das coisas é tanto maior
quanto mais subtil for a sua imagem no olhar.
Nem o arqueólogo ama em absoluto a matéria.
O galeão levantado do lodo ou do olvido
é um objeto sem presença, ou sem destino,
por vezes capaz de trazer-nos as lágrimas.
Mas não usámos nós as coisas
até ao excesso, ou a nossa alegria
fez-se do proveito parco, do mínimo?
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Fiama Hasse Pais Brandão.
(Portugal, 1938-2007)
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