segunda-feira, 15 de junho de 2015

"O tempo está vivendo-me..."

Baleen, Andrew Wyeth, 1982
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Escrituras de luz investem na sombra, mais prodigiosas que meteoros.
A alta cidade irreconhecível avança sobre o campo.
Certo de minha vida e de minha morte, fito os ambiciosos e tento entendê-los.
Seu dia é ávido como o laço no ar.
Sua noite é trégua da ira de ferro, prestes a atacar.
Falam de humanidade.
Minha humanidade está em sentir que somos vozes de uma mesma penúria.
Falam de pátria.
Minha pátria é um lamento de guitarra, alguns retratos e uma velha espada,
a desvelada prece dos salgueiros nos fins de tarde.
O tempo está vivendo-me.
Mais silencioso que minha sombra, cruzo o tropel de sua exaltada cobiça.
Eles são imprescindíveis, únicos, merecedores da manhã.
Meu nome é alguém e qualquer um.
Passo devagar, como quem vem de tão longe que não espera chegar.
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Jorge Luis Borges.
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sexta-feira, 12 de junho de 2015

"Necesitas poesía..."

Maude Banvard, The Catch, Brockton Fair, Frederick W. Glasier, 1907
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Necesitas límites mentales. No entiendo cómo, a pesar de tu dispersión, comprendes cuál es tu remedio. Necesitas no esperar. Necesitas no esperar nada de los demás. Necesitas no traficar co tu dolor. Necesitas orgullo y soledad. Necesitas castidad. Necesitas orden. Por ejemplo, las lecturas. Poesía: limitarse a Bonnefoy. Tal vez, también, seguir con Dostoievski.
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Alejandra Pizarnik,
Diarios, 21 de noviembre, de 1964
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