domingo, 20 de maio de 2012

Desenraizar-se...

 Roots, Frida Kahlo, 1943
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A aparência adere ao ser e somente a dor pode arrancá-los um do outro.
Quem tem o ser não pode ter a aparência. A aparência acorrenta o ser.
O curso do tempo arranca o parecer do ser e o ser do parecer, por violência.
O tempo manifesta que não é a eternidade.

É preciso desenraizar-se. Cortar a árvore e fazer dela uma cruz, e em seguida carregá-la todos os dias.

É preciso não ser eu, e menos ainda ser nós.
A cidade dá sentimento de estar em casa.
Ter o sentimento de estar em casa no exílio.
Estar enraizado na ausência de lugar.

Desenraizar-se social e vegetativamente.
Exilar-se de toda a pátria terrestre
Fazer tudo isso a outrem, a partir de fora, é um ersatz de descriação.
É produzir irrealidade.
Mas ao nos desenraizarmos buscamos mais realidade.
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Simone Weil, in: A Gravidade e a Graça.
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