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"Na significação, tal como ela é concebida desde os estóicos,
há três coisas: o significante, o significado e o referente. Mas agora, se
imagino uma lingüística do valor (entretanto, como edificá-la, permanecendo nós
mesmos fora do valor, como edificá-la “cientificamente”, “lingüisticamente”?),
essas três coisas que existem na significação não são mais as mesmas; uma é
conhecida, é o processo de significação, domínio habitual da linguística clássica,
que nele se detém, se mantém e proíbe que dele se saia, mas as outras o são
menos. São a notificação (assento minha mensagem e assento meu ouvinte) e a assinatura (exibo-me, não posso evitar de me exibir). Por essa análise, não
faríamos mais do que desdobrar a etimologia do verbo “significar”: fabricar um
signo, fazer sinal (a alguém), reduzir-se imaginariamente a seu próprio signo,
sublimar-se nele."
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Roland Barthes.
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