domingo, 29 de janeiro de 2017

"C’est beau la vie, la longue vie..."

Emmanuelle Riva (24/02/1927 - 27/01/2017)
Hiroshima Mon Amour, Dir. Alain Resnais, 1959
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recusa-se a tocar a
mãe desta expectativa
que desperdiça
tantas secreções
em seu sistema
de produtos 
mensais emmanuelle 
riva em 'hiroshima 
mon amour'
& 'bleu' o esquecimento
da amante
ontem a esclerose
da mãe amanhã
azul a água
dissolução da 
memória ah! a
memória deixe-a
à mercê da
manhã
no entanto
sabe que só 
a expectativa
fertiliza
a perda a
predileção
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Ricardo Domeneck.
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Amour, Dir. Michael Haneke, 2012
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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

"o corpo é a causa do amor..."

Relation in Time, Marina Abramović and Ulay, 1977
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Primeiro o corpo é a causa do amor
depois a fortaleza que o protege
por fim seu cárcere.
E quando o corpo morre, o amor jorra
caudalosamente 
como de um caça-níqueis clandestino quebrado
jorram de súbito
com estrondo todas as moedas de gerações
e gerações entregues à própria sorte.
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Yehuda Amichai.
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domingo, 8 de janeiro de 2017

"...Al Dio che non dà vita chiedo di non morire."

Il Corpo di Pasolini, Triumphs and Laments: A Project for the City of Rome
William Kentridge, 2016
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Eis-me afinal em plena
suprema confidência
ante minha presença,
anjo impuro que eu amo.

Quanto estéril horror
urge se toco o corpo
que amava desde novo
pois seguro de amor.

Mas não sei me assombrar,
não sei me abandonar...
Ao Deus que não dá vida
peço para não morrer.
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Pier Paolo Pasolini.
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

"Olhar é um ato de escolha..."

John Peter Berger (05/11/1926 - 02/01/2017)
© foto de Jean Mohr, 1980 
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“Só vemos aquilo que olhamos. Olhar é um ato de escolha. Como resultado dessa escolha, aquilo que vemos é trazido para o âmbito do nosso alcance – ainda que não necessariamente  ao alcance da mão. Tocar alguma coisa é situar-se em relação a ela... Nunca olhamos para  uma coisa apenas; estamos sempre olhando para a relação entre as coisas e nós mesmos. Nossa visão está continuamente ativa, continuamente em movimento, continuamente captando coisas num círculo à sua própria volta, constituindo aquilo presente para nós do modo como estamos situados. 

Logo depois de podermos ver, nos damos conta de que podemos também ser vistos. O olho do outro combina com o nosso próprio olho, de modo a tornar inteiramente confiável que somos parte do mundo visível..." 
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John Berger, in: Modos de Ver, Ed. Rocco, 1999.
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