sexta-feira, 4 de novembro de 2016

"O que nos mata é a solidão povoada"

Melancolia I, Albrecht Dürer, 1514
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Nós que não somos naturais, porque
somos quem nega a natureza, não
morreremos nunca de animas a morte.
Essa morte primeva, com que acabam
os que jamais souberam que viviam,
não nos pertence desde a hora em que 
de humanidade nos fizemos homens
e ao sofrimento abrimos esta carne
embebendo-a do amor que não devera
ser mais que o cio do prazer sem nome
e sem memória alguma. Nunca mais
havemos de morrer em paz e espanto
de se acabar o mundo e não nós nele.
O que nos mata é a solidão povoada.
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Jorge de Sena.
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